Título: PF devassa escritório ligado a Valério
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Nacional, p. A8

Policiais apreendem documentos e computadores no Prata e Castro Associados, que presta serviços à SMPB Comunicação

Policiais federais apreenderam ontem, em Belo Horizonte, documentos e computadores no escritório Prata e Castro Associados, que presta serviços à SMPB Comunicação, agência de publicidade que tem como um dos sócios o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o principal operador do pagamento de mesadas a parlamentares. O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo juiz Jorge Gustavo Serra de Macedo, da 4.ª Vara da Justiça Federal, na capital mineira. No requerimento apresentado ao juiz, a Polícia Federal informa que detectou uma possível tentativa de ocultação de provas, que ligariam Marcos Valério ao suposto pagamento de mensalão. O magistrado, porém, não autorizou a busca e apreensão na sede da SMPB e na residência do publicitário. A equipe da PF, chefiada pelo delegado Cláudio Ribeiro Santana, de Brasília, chegou por volta das 7h45 ao escritório, localizado no 6.º andar de um prédio no bairro Barro Preto, região central da cidade. Os policiais permaneceram cerca de seis horas e meia no local. Neste período, apenas um funcionário administrativo, identificado como Márcio de Souza, foi ouvido. A PF apreendeu cerca de 20 discos rígidos de computadores, além de uma grande quantidade de documentos fiscais e de natureza diversa. Santana evitou dar declarações, alegando que as investigações correm em sigilo. Questionado se os documentos referiam-se à contabilidade da SMPB ou de Marcos Valério, que é sócio em várias outras empresas na capital mineira, o delegado disse que "seria dos dois". Todo material foi guardado e lacrado em quatro grandes caixas, levadas para a Superintendência da PF em Belo Horizonte. Os documentos e os computadores seriam encaminhados para a análise em Brasília. A Justiça Federal informou que a PF terá de apresentar um relatório sobre a operação num prazo de cinco dias para que o juiz autorize o acesso às informações contidas no material apreendido. O advogado Edmar Pereira Cardoso, que representa a SMPB, disse que o escritório de contabilidade presta "eventualmente" serviços para a agência de publicidade. "A SMPB, inclusive, possui contabilidade interna." Cardoso reclamou da operação no escritório, que, segundo ele, ficou "inativo". "A PF simplesmente levou todos os HDs da empresa, que está fechada." Disse também que não foi informado do motivo da busca e apreensão. "Ainda não sei qual procedimento criminal de que se trata." O advogado não soube dizer o nome do proprietário do escritório. Ele foi identificado como Mauro Aurélio Prata, mas o Estado não conseguiu confirmar a informação.