Título: Estabilidade não deve ser comemorada, diz Pastore
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2005, Economia & Negócios, p. B4
Para o especialista em relações do trabalho José Pastore, a estabilidade do desemprego, apontada pelo Dieese, ainda não é motivo para comemoração. Confira trechos da entrevista: A estabilidade do desemprego pode ser uma retomada das contratações?
A estabilidade é melhor do que o aumento do desemprego, mas o nível ainda está muito alto. Com a perspectiva de o País crescer entre 3% e 3,5% neste ano, não vai conseguir gerar emprego como em 2004, que já não foi uma coisa extraordinária. Não é um dado definitivo para nos animarmos, infelizmente.
Qual a situação do mercado de trabalho hoje?
É preocupante. Temos 10% da população desempregada, 60% na informalidade e 2,5 milhões de ações trabalhistas na Justiça. Isso forma um clima de confrontação, de desgaste social e esgarçamento do próprio tecido social, que redundam em problemas como a criminalidade, marginalidade e violência.
Qual a tendência do mercado?
Um encolhimento ainda maior do emprego industrial e uma expansão do emprego em comércio e serviços. Também uma diminuição do emprego na agropecuária, por força da inovação tecnológica.
O que dificulta a contratação do trabalhador informal?
A maioria da informalidade está no setor rural, na construção civil e nos pequenos serviços. A dificuldade são despesas altas e burocracia intensa.
Como resolver a informalidade?
É preciso crescimento econômico, educação de boa qualidade e legislação adequada. A legislação é, hoje, inadequada, perversa, muito onerosa, burocrática e afasta o empregador a contratar formalmente.
Há um achatamento salarial?
Não há dúvida. É preciso desenvolver mais, crescer depressa, melhorar a educação e a legislação.