Título: Iraque: muita retórica, pouca ajuda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2005, Internacional, p. A17

Conferência de apoio à reconstrução e estabilização teve presença de mais de 80 países e entidades, mas poucas ofertas concretas

O Iraque recebeu ontem demonstrações de apoio e promessas na conferência internacional realizada em Bruxelas para ajuda em sua reconstrução e estabilização. Ofertas concretas, porém, foram escassas, destacou The Washington Post. Patrocinado pelos EUA e a União Européia, o evento tinha como objetivo fortalecer o governo provisório, de maioria xiita, e mostrar que as divergências entre americanos e europeus sobre a guerra se dissiparam. Tomaram parte diplomatas de mais de 80 países, incluindo o Brasil (ler na pág. A16) e entidades internacionais.

"Está em andamento um processo democrático vital, não importa se o país esteve a favor ou contra a guerra", disse o ministro alemão de Relações Exteriores, Joschka Fischer. Mesmo assim, o chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn, cujo país detém a presidência rotativa da UE, pediu um "papel verdadeiramente central" para a ONU no Iraque, citando a "legitimidade, imparcialidade e experiência da entidade".

As maiores promessas de contribuições, em valores, foram da Dinamarca (US$ 40 milhões) , União Européia (US$ 105 milhões) e Coréia do Sul (US$ 5 milhões). China, Arábia Saudita e Eslovênia, credores do Iraque, se comprometeram a reduzir a dívida.

O primeiro-ministro do Iraque, Ibrahim al-Jaafari, disse à assembléia que a meta do governo é alcançar independência política e econômica e melhorar a competência dos serviços de segurança, sem tornar o país um Estado policial. Jaafari frisou que a população iraquiana quer que a presença dos 176 mil soldados estrangeiros no Iraque seja provisória. Vários diplomatas pediram que o novo governo procure incorporar ao poder a minoria sunita, que boicotou em massa as eleições de janeiro.

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, pediu ajuda mundial aos iraquianos e alertou que o governo do Iraque tem obrigações próprias, como melhorar a segurança, liberalizar a economia e e abrir espaço político para todos os grupos da sociedade. Ela também fez um apelo aos vizinhos do Iraque, em especial à Síria, para que impeçam a passagem de extremistas por suas fronteiras a caminho do território iraquiano.