Título: Ex-secretário de Palocci vai depor sobre caso Leão Leão
Autor: Brás Henrique
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2005, Nacional, p. A13

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antonio Valencise, confirmou ontem que vai ouvir, a partir de 4 de julho, durante uma semana, os depoimentos de várias pessoas para concluir o inquérito que investiga uma suposta quadrilha do lixo, formada por funcionários da empresa Leão Leão e servidores públicos que estariam manipulando licitações públicas em cerca de 10 cidades paulistas. Entre as pessoas que devem depor está o advogado e empresário Rogério Buratti, ex-secretário de Governo de Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto entre 1993 e 1994. "Existem elementos que indicam possíveis participações nos fatos apurados", disse Valencise, sem entrar em detalhes.

Buratti tinha em seu nome a BBS Consultores Associados Ltda., com endereço fictício (na casa da filha de ex-copeira da Leão), em Jardinópolis, que seria usada na renovação de contrato de loterias da Gtech com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 650 milhões e que envolvia Waldomiro Diniz - Buratti receberia R$ 6 milhões de propina. O Ministério Público Estadual (MPE) acompanha os dois casos.

Valencise disse que irá intimar as pessoas na próxima semana. Além de Buratti devem ser ouvidos os ex-diretores da Leão Leão Wilney Barquete (ex-presidente da Cohab na última gestão de Palocci na prefeitura), Marcelo Franzine e Fernando Fischer, que rescindiram seus contratos com a empresa no final de setembro de 2004.

"Deveremos ouvir seis pessoas", disse o delegado seccional. No início do processo, estimava-se pelo menos 20 pessoas investigadas. O MPE investiga os três por participação na suposta quadrilha do lixo, pois foram gravadas conversas telefônicas entre eles e Buratti, que também havia se afastado da Leão Leão após as suspeitas iniciais do envolvimento dele com Waldomiro Diniz.

"O inquérito está na fase final e após esses depoimentos o resultado será encaminhado ao Ministério Público Estadual", comentou Valencise, que aguarda um laudo que constate a veracidade de documentos e do exame contábil da Leão Leão. A empresa tinha conseguido uma liminar que proibia a análise dos documentos apreendidos, mas a decisão foi cassada e a Polícia Civil pôde verificar os documentos de rendimentos, aplicações e contratos.

Valencise aguarda ainda a precatória de um depoimento feito em Belo Horizonte, com um representante da empresa Concita, citada numa das conversas telefônicas, gravadas com autorização judicial (cerca de 40 horas, interceptadas entre 23 de abril e 16 de setembro de 2004).