Título: Entre outros BCs, a incerteza
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2005, Nacional, p. A6

Presidentes de bancos centrais perguntam se economia vai mudar

BASILÉIA - Alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil questionaram o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre o que poderá ocorrer com a economia brasileira, no momento em que o País vive uma séria crise política. Em conversas informais, na Basiléia, onde ocorre a reunião anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS), representantes do Federal Reserve Bank, representantes do BC americano, além dos bancos centrais da Alemanha, Argentina e Chile teriam procurado obter informações sobre a possibilidade de mudanças na linha macroeconômica. "A grande pergunta era sobre o risco de mudar a política econômica, e, em conseqüência, ocorrer uma crise", afirmou Meirelles. Sem citar os nomes, ele disse ter respondido que não acredita em mudanças na política econômica porque "esta política está dando certo."

O assunto foi abordado em várias conversas privadas. Toshihiko Fukuy, presidente do BC japonês, já tinha dito ao Estado, no sábado, que a crise no Brasil era motivo de "grande preocupação". Jaime Caruana, do Banco Central da Espanha, admitiu que segue de perto os acontecimentos.

Meirelles, velho conhecido dos banqueiros internacionais, não quis responder se lhe perguntaram sobre a possibilidade de ser afastado do BC. Mas o ex-presidente do BC alemão, Helmut Schlessinger, deixou claro que a fonte das preocupações não é a saída ou permanência de Meirelles no cargo. "Está claro que há uma situação de incerteza", disse. "Só podemos esperar que os políticos que estão vindo tenham claro como seguir adiante."