Título: 'Ele fala demais e não atua em equipe'
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2005, Nacional, p. A8

Os integrantes da força-tarefa da Procuradoria da República em Curitiba, que investigam o esquema de lavagem de dinheiro no caso Banestado, dizem que o delegado Castilho está desatualizado. Em vez das contas CC5 que o delegado investigou, que deixavam registros, os doleiros voltaram agora a utilizar o dólar a cabo, pelo qual o dinheiro é transferido por uma mensagem trocada entre um comparsa no Brasil e outro no exterior, onde aquele que envia mantém posições, abastecidas periodicamente por mulas ou outras formas de transferência física. "Estamos caçando os doleiros e identificando com quem eles transacionavam. Não vejo nenhuma outra forma", diz o procurador Vladimir Aras. "Para todos os beneficiários que encontramos, são abertos inquéritos. Não fico catando nome de político. Faço uma investigação ampla e irrestrita, por orientação do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles." O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima salienta que foi quebrado o sigilo da conta Lespan, vinculada à casa bancária Galas, do Uruguai, e congelados US$ 8,2 milhões no exterior. Outros US$ 21 milhões foram bloqueados em 39 contas nos EUA. Os procuradores acreditam que Castilho esteja ressentido por ter sido afastado das investigações, mas isso ocorreu porque ele "fala demais e não sabe trabalhar em equipe". O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o delegado-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, não quiseram se pronunciar sobre as declarações de Castilho. A PF informa que as investigações já resultaram em 215 mandados de busca, envolvendo 75 empresas, e 123 mandados de prisão temporária. Os investigados movimentaram US$ 20 bilhões de 1997 a 2002.