Título: Participação do 1.0 alcança 55%
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2005, Economia & Negócios, p. B13

Segundo especialistas, carro com esse perfil deveria custar R$ 13 mil

De cada 100 carros novos adquiridos no Brasil, 55 têm motorização 1.0. Nessa categoria, os veículos são chamados de populares por serem beneficiados com tributo menor em relação aos equipados com motores mais potentes. A classificação, porém, acabou desvirtuando o segmento, e hoje há versões que custam perto de R$ 40 mil, dependendo dos equipamentos instalados. Um carro popular, na opinião de especialistas, deveria custar no máximo R$ 13 mil. Para as montadoras, o segmento das versões com motor 1.0 é o que garante maior fatia de mercado e poder de fogo no jogo concorrencial. As três maiores empresas - Fiat, General Motors e Volkswagen, cada uma dona de uma fatia de 20% a 23% do mercado de automóveis - têm pelo menos metade dessas participações concentrada no segmento de populares. A Ford, quarta colocada, com 12% do bolo total, só participa com 3% nas vendas dos compactos.

O presidente da Ford, Antonio Maciel Neto, já declarou várias vezes que, para se aproximar mais das três grandes, a marca precisa oferecer um carro de entrada com preço abaixo de R$ 20 mil. A Renault, com 3,3% do mercado, pensa do mesmo jeito, mas já encontrou seu caminho: vai produzir no País o Logan.

A Toyota, que vem obtendo sucesso na venda dos médios Corolla (sedã) e Fielder (station wagon), vai entrar na disputa dos compactos antes de 2010 para poder conquistar, nos próximos cinco anos, 10% do mercado brasileiro, conforme prevê sua estratégia.

A Honda, que já tem o médio Civic e o compacto de luxo Fit, com motores 1.4 e 1.5, também vislumbra um produto nessa faixa. As marcas japonesas respondem por 3,2% e 3,9% das vendas, respectivamente.

Na contramão dessa tendência, a Peugeot deve tirar de linha, no início de 2006, a versão 1.0 do 206. O contrato de fornecimento do motor feito com a Renault vence no fim do ano e não foi renovado. Para operar sem prejuízos no segmento dos carros populares, é preciso grande volume de produção para garantir escala e baixos custos.

Em 2001, os carros populares chegaram a responder por 70% das vendas de automóveis no País, fatia que este ano tem se mantido na casa dos 55%. Um dos motivos dessa queda de participação é a aproximação da alíquota de impostos dos modelos de maior cilindrada. Outro é a chegada das versões bicombustíveis, primeiramente para motores de maior potência, atraindo consumidores de modelos 1.0 mais equipados.

Nos últimos meses, a tecnologia flexível começou a chegar aos populares, o que deve devolver ao segmento alguns pontos de participação.