Título: Donos da Schin voltam à rotina e avaliam perdas
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2005, Economia & Negócios, p. B7

PF afirma ter 'bom material' para sustentar as acusações

Os cinco proprietários e três diretores da cervejaria Schincariol, que passaram dez dias na custódia da Polícia Federal em São Paulo, voltaram ontem ao trabalho. Como rotina nas segundas-feiras, a direção fez a primeira reunião às 8 horas na matriz do grupo, em Itu, a 98 quilômetros da capital. Eles avaliaram as perdas no período em que foram mantidos presos. O balanço não foi divulgado. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Campinas e Região, a estimativa é de que 30% da mão-de-obra já estava ociosa. Os trabalhadores não participaram de reunião.

A Polícia Federal informou que continua analisando os documentos apreendidos durante a Operação Cevada, realizada em conjunto com a Receita Federal. Pelo que já foi visto, a PF afirma ter um "bom material" para sustentar as acusações de sonegação fiscal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, envolvendo a Schincariol, outras cervejarias e algumas distribuidoras.

Foram presos 68 suspeitos de participação no esquema. Entre a madrugada de sábado e domingo, 66 foram liberados. Dois foram mantidos por terem mandado de prisão preventiva.

O advogado da Schincariol, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, diz que poderá, por meio de petição ao juiz do processo, incluir "manifestações pontuais" sobre inverdades no documento, referentes à acusação.

PROCESSO

A manifestação de "repúdio" dos representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre os mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia foi parar na Justiça. O Procurador da República em Taubaté, João Gilberto Gonçalves Filho, instaurou inquérito civil público para apurar se houve danos morais nas declarações.

De acordo com Gonçalves Filho, as manifestações "procuram denegrir o trabalho sério, dedicado e lícito das instituições republicanas, atingindo injustamente o sistema estatal de persecução penal".

A OAB tem até 14 de julho para se defender. O inquérito foi instaurado logo depois de a PF efetuar mandado de busca e apreensão nos escritórios dos advogados da Schin, em Sorocaba. Segundo o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, a "invasão dos escritórios de advogados não acusados, com objetivo de conseguir provas de seus clientes, põe em risco o estado democrático de direito". Ele afirma ser ilegal a prática e diz que é direito da OAB reagir.