Título: Por enquanto, Petrobrás não pensa em aumento
Autor: Fabio Alves
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2005, Economia & Negócios, p. B4

O diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, disse que, apesar da elevação do preço do petróleo há cerca de 15 dias, não há, por enquanto, nenhuma expectativa de aumento de preço para a gasolina e o diesel. "Pensamos em reajustes no longo prazo, de seis meses a um ano. Por enquanto, está equilibrado." Costa participou, ontem, do seminário "Matriz Brasileira de Combustíveis", no Departamento de Infra-Estrutura (Dinfra) da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O executivo esclareceu que os Ministérios de Minas e Energia e da Fazenda não vão interferir nos preços do petróleo, função que é da Petrobrás. "Desde 2001, a definição de preços do óleo combustível, do diesel e da gasolina é atribuição da Petrobrás, uma definição de quem vende; e a Petrobrás adota política de longo prazo."

Sobre os preços da nafta petroquímica e do querosene de aviação, reajustados automaticamente ou com no máximo um mês de defasagem, Costa informou que a política atual será mantida. "Acompanhamos a formação de preços conforme o que ocorre no exterior. É nossa política interna e assim continuará."

A cotação do barril de petróleo, diz Costa, deverá recuar para US$ 55 ou US$ 50 nos próximos meses. Com isso, a Petrobrás manterá os preços do GLP, do diesel e da gasolina. Costa não acredita que o preço do petróleo atinja os US$ 100 projetados por alguns analistas.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Adriano Pires, o barril do petróleo vai ficar entre US$ 45 e US$ 47. O especialista observou que o preço da gasolina no Brasil, hoje, está com defasagem de 5% em relação ao praticado no Golfo do México (EUA). E o preço do diesel no Brasil está 15% menor em comparação à mesma região. "Essa diferença da redução de preços no Brasil em relação ao Golfo do México poderia ser maior caso não tivesse o efeito cambial", observou.

O efeito cambial, segundo Adriano Pires, é que vai reduzir as perdas com a falta de reajuste do GLP, da gasolina e do diesel. Em 2004, a perda foi de 20% do lucro líquido relativo ao refino, em comparação ao resultado de 2003. É na receita do refino, reajustada automaticamente conforme a variação do custo do barril, que a Petrobrás recupera parte das perdas.