Título: Presidente da Assembléia de RO é acusado de comandar desvios
Autor: Nilton Salina
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2005, Nacional, p. A13

Segundo a Polícia Federal, Carlão de Oliveira comandou desvios e teria embolsado R$ 1,4 milhão em pagamentos a funcionários fantasmas; o vice-presidente da Casa é suspeito de receber R$ 1,13 milhão

A Polícia Federal descobriu que 23 dos 24 deputados estaduais de Rondônia estariam embolsando pagamentos feitos a funcionários fantasmas. Segundo o Jornal Nacional, da TV Globo, o presidente da Assembléia, deputado Carlão de Oliveira (PFL), teria recebido R$ 1,4 milhão. Em Brasília, o PFL divulgou nota, ontem, informando que 'já está definida a expulsão sumária' do deputado estadual José Carlos de Oliveira dos quadros do partido em Rondônia. A decisão de expulsar Carlão foi tomada pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), depois de reunião da Comissão Executiva Nacional do partido. Segundo as investigações da PF, o vice-presidente da Assembléia de Rondônia, Kaká Mendonça (afastado do PTB), teria recebido R$ 1,13 milhão.

A PF descobriu as listas de servidores fantasmas num notebook apreendido quinta-feira passada, no departamento financeiro da Assembléia. O presidente da Assembléia teria usado seu irmão Moisés Oliveira para receber a maior parte dos cheques de pagamentos. O delegado Joaquim Mesquita, superintendente da PF em Rondônia, estima que o esquema desviou em torno de R$ 15 milhões no período de um ano. Ao mesmo tempo, a PF descobriu centenas de pastas que arquivam folhas de pagamento referentes a 2001 e parecem encobrir o mesmo esquema, que existiria desde então. Um ato normativo de 2003 definiu que cada deputado pode ter até 18 funcionários em seu gabinete, com uma verba de R$ 13,5 mil.

SUSPEITAS

O delegado Mesquita revelou que identificou casos de funcionários fantasmas nos gabinetes dos deputados Ronilton Capixaba (PL), Emílio Paulista (sem partido), Daniel Néri (afastado do PMDB), Ellen Ruth (afastada do PDT), Beto do Trento (PSDB), Chico Doido (PSB), João da Muleta (afastado do PMDB), Marcos Donadon (PMDB) e Carlos Henrique Bueno, o Dr.Carlos (PT), além do presidente e vice da Assembléia.

A PF segue investigando nomes de servidores lotados nos gabinetes dos 23 deputados suspeitos. Segundo a PF, o único deputado não envolvido no esquema é Neri Firigolo (PT).

Kaká Mendonça, além dos supostos recebimentos irregulares, teria pago a dívida de sua família em um posto de gasolina em Pimenta Bueno, a cerca de 600 quilômetros de Porto Velho, com dois cheques de R$ 4.900 emitidos pela Assembléia. Em depoimento no Ministério Público do Estado, o dono do posto, Amarildo Farias Vieira, disse que achou estranho. 'Mas ele queria pagar e eu, receber', explicou.

Ontem à tarde o PT suspendeu as filiações dos deputados Nereu Klosinski, Dr. Carlos e Edésio Martelli.