Título: Governo ganha tempo e Dirceu só depõe após o recesso de julho
Autor: Ana Paula Scinocca Denise Madueno
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2005, Nacional, p. A8

Governistas também questionam abrangência da apuração no Conselho de Ética

O governo conseguiu empurrar para depois do recesso parlamentar de julho o depoimento do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro da Câmara. O adiamento fez parte de uma estratégia para esfriar a crise. Convidado para depor esta semana, Dirceu rejeitou os três dias sugeridos no convite - hoje, amanhã ou quinta-feira - a ele encaminhado na semana passada. A mesma tática de adiar o depoimento no conselho, cujas sessões são abertas, deverá ser usada se outros integrantes da cúpula do PT e do governo foram chamados. "Esta é uma semana de transição. Estou mudando de gabinete e de casa. Não vou nesta semana", disse Dirceu, que não quis prever uma data para seu depoimento. Quinta-feira o Congresso entra em recesso por um mês, se até lá for votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), esperou durante todo o dia de ontem a confirmação do depoimento de Dirceu. À noite, admitiu que o ex-ministro não compareceria esta semana. O Conselho não tem o poder de convocar depoentes, mas apenas de convidá-los para prestar esclarecimentos.

Em outra frente para limitar as apurações do Conselho de Ética, o governo questiona a abrangência de suas atribuições. Ontem o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou a busca de provas pelo Conselho, que, segundo ele, "está criando um processo continuado".

Chinaglia reclama também da superposição dos trabalhos do Conselho e da Corregedoria com a comissão de sindicância. Hoje o Conselho deverá ouvir o depoimento de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do empresário Marcos Valério de Souza, sócio das agências SMPB e DNA, de Minas Gerais.