Título: Oposição vai tentar ampliar CPI para investigar outras estatais
Autor: João Domingos Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Nacional, p. A10

Parlamentares votam hoje proposta de pefelistas de requerer à Casa Civil documentos e listas de dirigentes de todas as empresas

A oposição tenta levar para outras estatais as investigações da CPI dos Correios, ampliação que o governo quer evitar a todo custo. Por iniciativa do PFL, vai a votação hoje requerimento para que sejam pedidos à Casa Civil arquivos, documentos e meios eletrônicos que contenham a lista das nomeações dos dirigentes de todas as estatais. Os autores do requerimento, os deputados pefelistas Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) e Onix Lorenzoni (RS), alegam que os Correios integram uma longa lista de estatais sob suspeita de terem servido como base para negócios irregulares. "Os indícios mostram que nos Correios operava uma quadrilha, com nomeações que passaram pelo crivo da Casa Civil", diz ACM Neto. "Conhecer o mapa das indicações vai dar mais consistência ao trabalho da CPI", completa Lorenzoni.

Também hoje os deputados e senadores da CPI vão avaliar requerimento do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), para quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico das agências de publicidade DNA e SMPB, de Marcos Valério Fernandes de Souza, que é acusado de ser operador do mensalão e deve depor na CPI na semana que vem. As agências de Marcos Valério cuidam de uma das contas publicitárias dos Correios e os parlamentares suspeitam que a estatal é uma das pontas do esquema do mensalão.

O autor das denúncias, deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), vai depor amanhã. Mas foi desmarcado o interrogatório de seu genro Marcos Vinícius Ferreira, tido como um dos principais intermediadores dos contratos de empresas com os Correios. Os integrantes da CPI querem ouvi-lo mais tarde, depois de estudarem detalhes dos contratos de compra da estatal.

Governistas e oposição concordam quanto à quebra do sigilo de Marcos Valério. E apóiam vistoria nas suas fazendas, para verificar se os R$ 20,9 milhões que sacou em dinheiro entre julho de 2003 e maio de 2005 foram usados para a compra de gado, como alega. Valério disse que é amigo do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, ambos apontados por Jefferson como operadores do mensalão.

Por sugestão dos senadores do PFL Heráclito Fortes (PI) e Romeu Tuma (SP), a CPI ouvirá o diretor do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Gustavo Rodrigues, em sessão reservada. O Coaf apura operações bancárias superiores a R$ 100 mil e consolidou informações sobre os saques feitos por Valério. Ainda na sessão de hoje serão ouvidos os ex-diretores dos Correios Antonio Osório, de Administração, Eduardo Medeiros, de Tecnologia, e Maurício Madureira, de Operações.