Título: No aniversário, a rotina diária: 15 mortos
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Internacional, p. A24

Após um ano da transferência do poder, forças dos EUA e iraquianas fazem nova ofensiva

Na celebração do primeiro aniversário da transferência parcial de poder no Iraque, o país teve ontem mais um dia rotineiro de violência. Pelo menos 15 pessoas foram mortas em vários ataques de rebeldes, incluindo o político xiita Shari Ali al-Fayadh, membro da Assembléia Nacional. Fayadh, um de seus filhos e dois guarda-costas morreram na explosão de um carro-bomba lançado por um suicida contra os automóveis em que eles trafegavam ao norte de Bagdá. Fayadh é o segundo membro da Assembléia assassinado - em abril, rebeldes mataram Lamia Khadouri Sagri, que também era da comunidade xiita.

Mais de mil militares americanos e iraquianos iniciaram ontem a Operação Espada, nova ofensiva contra os rebeldes. Desta vez o alvo são os combatentes nas cidades a noroeste da capital, no Vale do Eufrates, onde há forte ação da guerrilha.

Ahmed Wael Bakri, diretor de um programa da televisão iraquiana, foi morto por soldados dos Estados Unidos quando passava de carro perto de um comboio americano em Bagdá. Segundo seus colegas na emissora de TV, Bakri não viu os veículos dos militares, que atiraram nele. Ontem também, dois soldados dos Estados Unidos foram mortos em ataques de rebeldes.

No campo político, o Iraque pediu ontem o fim de um programa das Nações Unidas que destina parte da renda da venda do petróleo ao pagamento de compensações a países que sofreram danos com na invasão iraquiana do Kuwait em agosto de 1990 - a qual deu origem à Guerra do Golfo em 1991. O país ainda deve US$ 32,9 bilhões em compensações.

Apesar da violência, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, expressou otimismo na celebração da transferência da soberania. "Este é um dia abençoado, porque viu a restauração da soberania e independência nacional e levou às eleições de janeiro, as primeiras livres do país em décadas."