Título: PFL expulsa deputado e dissolve diretório em RO
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Nacional, p. A21

Presidente da Assembléia, José Carlos Oliveira é acusado de desviar R$ 1,4 mi

O PFL expulsou ontem o presidente da Assembléia de Rondônia, José Carlos Oliveira, acusado pela Polícia Federal de desviar R$ 1,4 milhão por meio de funcionários fantasmas. O partido também anunciou a dissolução do diretório estadual de Rondônia em razão de denúncias contra os seus dirigentes. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que a decisão de expulsar um parlamentar ligado a irregularidades deveria ser seguida pelas outras legendas. A acusação de desvios na Assembléia de Rondônia, revelada pelo programa Fantástico, da TV Globo, envolve 23 dos 24 deputados.

Cerca de 30 agentes da PF voltaram à Assembléia ontem à tarde com mais um mandado de busca e apreensão. Novamente, levaram documentos dos Departamentos Financeiro e de Recursos Humanos.

Os agentes devolveram, porém, um computador apreendido na última quinta-feira. Nele estava a folha de pagamento dos servidores fantasmas.

DENÚNCIAS

A Comissão Externa do Senado, que apura diversas denúncias de corrupção em Rondônia, estará hoje em Porto Velho para investigar indícios de pagamento de mensalão a deputados, tentativas de extorsão contra o governador Ivo Cassol (PSDB) e desvio de recursos na Assembléia e no governo.

Os senadores irão à Polícia Federal, à Procuradoria da República e ao Ministério Público para saber o que foi descoberto. O relator da comissão, Demóstenes Torres (PFL-GO), adiantou que há fortes indícios de que uma grande organização criminosa está agindo em Rondônia.

Segundo Torres, a comissão desistiu de ouvir todos os citados em gravações de vídeo que indicam a cobrança de propina por parlamentares para apoiar Cassol. "Não será preciso, porque estamos convencidos do envolvimento de todos eles", frisou. "Vamos apurar melhor a situação do governador, mas há indícios de que ele também esteja envolvido."

A comissão teve acesso às gravações originais das conversas de Cassol com os deputados, algumas com mais de uma hora de duração. Nelas, são citados empresários que participariam de esquemas de desvio de dinheiro.

Cassol já admitiu que em algumas fitas aparece repassando a deputados uma proposta de pagamento de propina, mas garante que se tratava de uma simulação.

Na tarde de ontem, um pequeno grupo foi até o plenário da Assembléia para protestar, mas não encontrou os deputados. Dificilmente serão realizadas manifestações maiores. Os grandes protestos anteriores foram organizados por sindicatos ligados ao PT, mas, desta vez, três dos quatro parlamentares petistas são acusados de desviar dinheiro da Assembléia.