Título: Fusão de empresas cresce 38%
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Economia & Negócios, p. B3

Só neste primeiro semestre foram anunciados 170 negócios

O número de fusões e aquisições entre empresas deu um salto de 38,2% no primeiro semestre, em comparação com igual período de 2004. Levantamento divulgado ontem pelas consultoria KPMG, e confirmado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), mostra que foram anunciados 170 negócios de janeiro a julho. Nas contas da KPMG, foram 47 transações a mais que no mesmo período do ano passado (123). Foi o melhor resultado desde o primeiro semestre de 2001, quando foram registradas 184 operações de fusões e aquisições. Já a PwC calcula crescimento menor, de 10% no mesmo período. De toda forma, esses números confirmam a tendência de recuperação dos negócios entre empresas, registrada a partir do segundo semestre de 2004. "Os investidores estão confiantes na solidez dos fundamentos macroeconômicos e da perspectiva de manutenção do crescimento do País, ainda que a uma taxa inferior à do ano passado", afirma Márcio Lutterbach, sócio da KPMG Corporate Finance. Em 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de 4,9%. Para este ano, a maioria das apostas se concentra no intervalo de 2% a 3% de expansão.

Na avaliação de Lutterbach, o mercado de empresas não sofreu influências negativas da desaceleração da economia desde o início do ano, nem da crise política desencadeada nas últimas semanas pelas denúncias de corrupção envolvendo integrantes do primeiro escalão do governo. "Se os fundamentos macroeconômicos continuarem positivos e a economia mantiver o ritmo de crescimento dos últimos meses, o ano de 2005 será muito bom para os negócios", diz Lutterbach.

Nessas circunstâncias, a previsão da KPMG é de que o movimento de fusões e aquisições cresça este ano de 20% a 30% em comparação com 2004. Só no segundo trimestre, foram registradas 93 transações, indicando aumento de 43 em relação a igual período de 2004. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, o crescimento foi de 20,8%.

De acordo com a PcW, o setor financeiro foi o principal alvo das transações entre empresas no primeiro semestre. Ocorreram 22 negócios, contra apenas 8 em igual período de 2004. Metade das transações deste ano refere-se a operações envolvendo carteiras de crédito consignado. O Bradesco, por exemplo, adquiriu a carteira de operações de crédito com desconto em folha do Banco Panamericano em janeiro, por 3 anos. Já o Banco Itaú e a Lojas Americanas criaram em fevereiro uma financeira com 50% de participação de cada um.

O setor químico e petroquímico ocupou a segunda colocação no ranking de fusões e aquisições no período, com 21 transações, envolvendo principalmente empresas de higiene e limpeza, fertilizantes e farmacêutico. O varejo vem a seguir, com 18 transações - mais do que o dobro do registrado em igual período do ano passado - sobretudo no setor farmacêutico, lojas de departamento e supermercados.

A participação do capital estrangeiro nas aquisições de controle e nas compras de participação minoritárias atingiu 64 negócios, ante 46 no primeiro semestre de 2004, aumento de 39%.