Título: Aloysio vê autoridade recuperada
Autor: Iuri Pitta
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Metrópole, p. C3

Em balanço da gestão, secretário diz que prefeito não cedeu a loteamento político praticado pelas últimas administrações

Escalado pelo prefeito José Serra (PSDB) para fazer o balanço dos seis meses de gestão, o secretário do Governo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, recorreu a uma metáfora da saúde, área-chave da gestão, para considerar positiva a pesquisa InformEstado. "São índices bons, levando em conta as enormes dificuldades e o estado de falência múltipla de órgãos em que encontramos a Prefeitura." Para Aloysio, a ação mais importante de Serra foi recuperar a "autoridade estilhaçada" do prefeito, que o secretário atribui a loteamentos políticos "sem critério de administrações passadas". Ele, porém, preferiu não dar nota para este primeiro semestre da gestão: "Para o Serra eu sempre dou nota 10. Para a gestão, ainda é cedo."

Qual é a avaliação do governo sobre estes seis primeiros meses?

Conseguimos restabelecer a autoridade do prefeito e a credibilidade da Prefeitura como instância política, administrativa e prestadora de serviços. A autoridade do prefeito estava estilhaçada em razão do loteamento político sem nenhum critério que existia nas administrações anteriores, especialmente na última. E a credibilidade da Prefeitura, graças a um esforço de reorganização administrativa, saneamento financeiro, controle orçamentário. Isso permitiu que em pouco tempo conseguíssemos pôr a Prefeitura para funcionar novamente, com alguns resultados positivos em áreas críticas. A cidade está mais limpa, muitas obras paradas desde agosto, setembro foram retomadas, como o Hospital Cidade Tiradentes, a reforma de escolas, pavimentação de ruas...

Na pesquisa, isso não parece estar claro para a população. Quase 41% dos entrevistados acham que a cidade está igual à época da gestão anterior.

É possível. Alguns setores estavam muito abandonados.

Mas aí qualquer mudança não seria percebida positivamente?

Não é uma coisa da noite para o dia. É um acúmulo de serviços, é uma sedimentação de imagem e tipo de gestão que não se faz da noite para o dia.

Então o que se precisa fazer para dar mais visibilidade às ações, ou é só dar tempo ao tempo?

Nosso empenho principal se dá em torno dos compromissos da campanha: saúde, trânsito, qualidade de ensino, manutenção da cidade. É em torno dessas questões que a administração Serra será reconhecida. Há um novo tipo de gestão e conduta política: um prefeito que dialoga, vai ver os problemas, não transige com determinados princípios éticos e padrões administrativos corretos. Isso tem resultado do ponto de vista quantitativo. Não é brincadeira ter economizado R$ 230 milhões ao ano renegociando contratos. Isso não significará retomada imediata, porque temos dívidas para pagar, mas um desafogo que já permite incremento na prestação de serviços.

O senhor citou o setor de saúde, que teve a melhor e pior avaliação na pesquisa.

Isso mostra a relevância da saúde para a população. É uma área que as pessoas observam e avaliam. É como véspera de eleição: os candidatos da frente têm índice alto de aprovação e rejeição. Conseguimos o pleno abastecimento de medicamentos das unidades de saúde. Recebemos estoques com 20% e hoje chegamos a 90%. Aumentamos o gasto per capita com medicamentos. É verdade que há problemas de falta de médicos, de integração da rede, investimento na rede física.

Como está a relação entre Prefeitura e Estado, tão citada na campanha eleitoral?

Positiva. Dos hospitais, as obras do M'Boi Mirim só começaram graças ao aporte de R$ 16 milhões do Estado. Estamos trabalhando em várias áreas, como gestão, modernização do viário estratégico, que terá convênio assinado nos próximos dias. A integração do bilhete único será realidade até o fim do ano. Teremos comunicação integrada entre polícia e GCM.

O senhor falou das práticas políticas. Isso trouxe um custo, não?Hoje mesmo o prefeito chamou uma reunião com vereadores para tentar aprovar o projeto do ISS antes do recesso.

Não, não. O projeto mais importante que tínhamos na Câmara, que é o da Previdência, foi aprovado. A Câmara trabalhou bastante. Foram mais de 200 deliberações. Alguns projetos de vereadores o prefeito sancionou alegremente, tanto da situação quanto da oposição, um fato inédito. Hoje há um clima de maior compreensão e colaboração.

E dentro da gestão? Houve quatro trocas de secretários.

Quando isso ocorre, acaba havendo um momento de descontinuidade, exceto na saúde, em que a secretária foi indicada pelo antecessor. Acontece, tem de ser enfrentado. O Serra é muito exigente. Ninguém tem cadeira cativa aqui.