Título: Nem com ajuda do BC o dólar sobe
Autor: Silvana Rocha, Mario Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Economia & Negócios, p. B14

Anúncio de que o Banco Central vai comprar mais dólares no mercado não impede a nova queda do comercial

Apesar da ajuda indireta do Banco Central, o dólar voltou a cair, desta vez 0,89%, para R$ 2,334, na cotação mínima do dia. É o valor mais baixo desde 19 de abril de 2003 (R$ 2,333). O paralelo recuou 0,26%, para R$ 2,723 na venda. O Ibovespa caiu 0,30%, o risco país recuou 0,24%, para 414 pontos, o C-Bond ganhou 0,31%, vendido com ágio de 2,5%, e os juros futuros projetaram ligeira queda. De manhã, o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, anunciou a decisão de elevar a projeção de compras de dólar pelo Tesouro Nacional em mercado, este ano, de US$ 4,533 bilhões para até US$ 9,497 bilhões. Assim, o Tesouro pagará, via mercado, os vencimentos do principal e juros de bônus da República no segundo semestre. Em reação, o comercial, que caía, rapidamente atingiu a máxima de R$ 2,366, o que atraiu alguns exportadores. À tarde, o mercado fez as contas e estimou que o volume de compras diárias pelo Tesouro poderia girar em torno de US$ 70 milhões. Esse volume não foi considerado grande o suficiente para pressionar com força as cotações .

Por isso, as tesourarias devolveram parte das compras iniciais, com o objetivo de enfraquecer o dólar à vista e a taxa média do comercial (ptax). Como ontem foi dia de formação da ptax e os investidores no mercado futuro apostaram predominantemente na queda, o recuo final do dólar não chegou a surpreender. Isso porque quanto mais baixa fosse a ptax, maior seria o ganho dos "vendidos" a futuro. A taxa média de venda fechou em R$ 2,3504, em queda de 0,19%.

No mercado futuro, só 2 dos 9 contratos projetaram alta. O depoimento do deputado Roberto Jefferson à CPI dos Correios não mexeu com o dólar porque a sessão começou após o fechamento do mercado à vista.

A Bovespa acompanhou a queda das bolsas em Wall Street (o Dow Jones recuou 0,96% e a Nasdaq, 0,58%) e mais uma vez registrou reduzida liquidez diante das incertezas políticas. O índice fechou na mínima do dia, em 25.051 pontos. O movimento financeiro foi de R$ 1,088 bilhão.

"A economia vai bem, é a política que vai mal. Por isso, a Bolsa não desgruda dos 25 mil pontos", comentou um operador. As maiores altas do Ibovespa foram de Eletropaulo PN (9,23%), NET PN (3,28%) e Banco do Brasil ON (2,43%).