Título: Reservas terão reforço de US$ 5 bi
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

BC calcula que este ano o valor líquido deve passar de US$ 36,8 bilhões para US$ 41,8 bilhões, o maior desde 1999

O Banco Central engordou em US$ 5 bilhões suas previsões para as reservas internacionais deste ano, em relação aos cálculos de março passado. As reservas brutas deverão atingir US$ 57,7 bilhões no fim deste ano. Ao divulgar o Relatório de Inflação de junho, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, explicou que essa revisão se deveu à nova programação do Tesouro para pagamento dos vencimentos da dívida externa. De um total de US$ 4,533 bilhões, divulgado em abril, o Tesouro passará a liquidar US$ 9,497 bilhões. Além disso, os valores que antes sairiam integralmente do caixa das reservas internacionais agora serão obtidos pela compra de dólares no mercado.

Com essas novas contas, as reservas internacionais líquidas deverão passar de US$ 36,8 bilhões para US$ 41,8 bilhões neste ano. Segundo Bevilaqua, trata-se do maior valor desde o início do período da flutuação do câmbio, em 1999, e de uma cifra US$ 21,3 bilhões maior do que a obtida no encerramento de 2003. As reservas líquidas internacionais excluem os pagamentos de empréstimos tomados pelo BC no Fundo Monetário Internacional (FMI) e os créditos entre empresas de uma mesma corporação.

O relatório de junho destaca que a preservação das reservas internacionais nos seus atuais níveis é uma das variáveis favoráveis para a posição externa brasileira. Seu aumento tenderia, portanto, a reforçar avaliações positivas sobre a economia brasileira por agentes no exterior. "Desde 1998, esse é o maior valor das reservas líquidas. Esse é um esforço bastante importante para a recomposição das reservas", afirmou Bevilaqua.

Ele ressaltou que "a única mudança relevante" no capítulo sobre balanço de pagamentos do relatório de junho foi a decisão do Tesouro Nacional de comprar dólares no mercado, ainda neste ano, para fazer frente a vencimentos de até US$ 9,497 bilhões. No relatório de março, previa-se o pagamento de US$ 2,5 bilhões. Na nova programação, o Tesouro Nacional deverá liquidar US$ 4,5 bilhões, referentes aos serviços da dívida externa reestruturada. Além disso, deverá pagar US$ 2,5 bilhões da parcela principal e mais US$ 2,4 bilhões em juros dos bônus da República.

De acordo com Bevilaqua, os resultados do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior continuarão a surpreender neste ano. Os dados do relatório de junho mostram que a balança comercial apresentará saldo positivo de US$ 30 bilhões, com exportações de US$ 108 bilhões - US$ 3 bilhões acima da previsão de março. As estimativas das importações não foram alteradas e continuam em US$ 78 bilhões - 24% mais que em 2004.