Título: Investimentos limitam alta a 2,5%, dizem economistas
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Economia & Negócios, p. B4
Taxas de investimento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) entre 18% e 20%, como as que o Brasil vem apresentando nos últimos anos, permitem crescimentos apenas modestos da economia, entre 2% e 2,5% ao ano. A estimativa é do economista do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, Nelson Barbosa Filho, que fez um estudo recente sobre formas de expansão da atividade. "É preciso ampliar a taxa de investimento para que o crescimento seja sustentado, por cinco ou dez anos. E, se o crescimento é sustentado, ele mesmo induz mais investimentos. Por isso, matar um crescimento antes de ele ganhar impulso pode fazer com que a economia nunca decole", disse o economista.
Barbosa Filho considera que seria desejável atingir uma taxa ao redor de 25%, o que garantiria crescimentos da economia acima dos 3%, mas afirma que o processo de crescimento da taxa é lento. Em países asiáticos, a taxa supera os 30%. No ano passado, a taxa de investimentos fechou em 19,6%.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê taxa de investimento de 21,4% em 2005. Segundo o economista do Ipea Estevão Kopschitz, a política monetária deverá ser afrouxada nos próximos meses, com a perspectiva de queda de juros. Apesar de o investimento ter crescido apenas 2,3% no primeiro trimestre, o instituto estima que a expansão do ano será de 4,8% - acima do avanço projetado para o PIB total, de 2,8%.
Para a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, como o investimento avançou a partir do segundo trimestre de 2004, as bases de comparação começarão a ficar elevadas. Além disso, o comportamento dos investimentos dependerá da evolução da política monetária.
Os dados do IBGE divulgados ontem mostram que a taxa de investimento foi de 19,9%, acima da taxa do último trimestre (19,4%) e dos primeiros três meses de 2004 (19,1). Já a taxa de poupança caiu de 23,2% para 22,5% do primeiro trimestre de 2004 para 2005 - ainda assim, o segundo maior indicador desde 1995. O avanço do consumo limitou a taxa de poupança.