Título: Jefferson deve ter sigilo quebrado
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Nacional, p. A5

Conselho de Ética quer também acesso às contas de Valério

O Conselho de Ética da Câmara, que investiga a quebra de decoro parlamentar de Roberto Jefferson (PTB-RJ), vai pedir a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do presidente licenciado do PTB. O relator do conselho, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), disse que o requerimento com o pedido da quebra de sigilo deve chegar logo à mesa da Câmara. O deputado também informou que, a exemplo do que ocorre na CPI dos Correios, o Conselho de Ética pretende ter acesso às contas das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, as agências publicitárias SMPB e DNA. "Vamos requerer ainda a quebra de sigilo telefônico e fiscal de Marcos Valério e de suas empresas", antecipou o relator.

O conselho também planeja convocar Marcos e as duas funcionários do departamento financeiro da SMPB, Simone Vasconcellos e Geiza Dias dos Santos. Elas foram insistentemente apontadas pela ex-secretária de Valério Fernanda Karina Ramos Somaggio como responsáveis, respectivamente, pela contagem, saques e distribuição do dinheiro da agência publicitária.

Os saques, relatou Fernanda Karina em seu depoimento, eram realizados às vésperas das idas de Marcos Valério a Brasília, onde o publicitário se encontraria com dirigentes do PT. As duas funcionárias seriam as responsáveis pela manipulação do dinheiro, contando, separando em pacotes e, às vezes, entregando às pessoas indicadas pelo empresário, segundo a ex-secretária.

DIRIGENTES DO PT

O conselho também vai convocar integrantes da direção nacional do PT: o presidente José Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares, o secretário-geral Silvio Pereira e o secretário de Comunicação do partido, Marcelo Sereno. O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB), também deve ser chamado.

A primeira acareação prevista para ocorrer no Conselho de Ética deverá ser entre os deputados Sandro Mabel (GO), líder do PL, e Raquel Teixeira (PSDB-GO). Mabel é acusado por Raquel de oferecer R$ 30 mil mensais e bônus de R$ 1milhão para que a atual secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás trocasse o PSDB pelo PL.

O conselho ainda espera a definição do início ou não do recesso parlamentar para definir seu cronograma de trabalho. Caso os trabalhos na Câmara continuem, na semana que vem os representantes esperam ouvir os depoimentos dos deputados Bispo Rodrigues (PL-RJ) e José Janene (PP-PR).