Título: CPI aprova quebra de sigilo de empresas e de ex-mulher de Valério
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Nacional, p. A8

Comissão dos Correios também quebrou sigilo de ex-secretária, a 5.ª pessoa a ter devassa em contas bancárias e telefônicas aprovada

MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE SOUZA: O publicitário é acusado de ser o principal operador do mensalão. Serão abertos os seus dados bancários, fiscais e telefônicos dos últimos cinco anos. SMPB COMUNICAÇÃO e DNA PROPAGANDA: Agências de publicidade das quais Valério é sócio. As empresas registraram saques no total de R$ 20,9 milhões de julho de 2003 a maio de 2005. Ampliaram contratos com Banco do Brasil, Correios e Câmara no governo Lula. Investigadas por notas frias. MULTIACTION, GRAFITE E ESTRATÉGIA MARKETING: Valério é sócio também dessas empresas. RENILDA FERNANDES DE SOUZA: Mulher do publicitário. FERNANDA KARINA SOMAGGIO: Ex-secretária de Valério e testemunha-chave do mensalão. Contou sobre malas de dinheiro e das relações do publicitário com a cúpula do PT e outros políticos. MAURÍCIO MARINHO: ex-chefe de departamento dos Correios, flagrado recebendo propina. ANTÔNIO VELASCO: sócio de Arthur Wascheck Neto na empresa Comam. Wascheck mandou foi quem mandou gravar Marinho. QUEM JÁ TEVE O SIGILO QUEBRADO Eugênia Lopes BRASÍLIA A CPI dos Correios aprovou ontem a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de cinco empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos principais operadores do mensalão. Na véspera, a CPI já tinha determinado a quebra do sigilo da pessoa física do publicitário. A quebra do sigilo, tanto o das empresas como o pessoal, refere-se aos últimos cinco anos.

A proteção aos dados da SMPB Comunicação e da DNA Propaganda, agências de Marcos Valério que têm contratos com os Correios, foi derrubada. Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entre julho de 2003 e maio deste ano foram sacados R$ 20,9 milhões em dinheiro vivo das contas das duas agências no Banco Rural. A CPI também aprovou a abertura das informações das empresas Multiaction, Grafite e Estratégia Marketing, que têm Marcos Valério como sócio.

A CPI também decidiu quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico de Renilda Fernandes de Souza, mulher do publicitário, e de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério. Assim como Roberto Jefferson, Fernando Karina acusa o ex-patrão de ser um dos operadores do mensalão. Os depoimentos do publicitário e da ex-secretária à CPI estão marcados para quarta-feira da semana que vem, quando os dois deverão ser submetidos a uma acareação.

Outros atingidos pela decisão de quebra de sigilo foram Maurício Marinho, ex-chefe de departamento dos Correios, e Antônio Velasco, sócio de Arthur Wascheck Neto na empresa Comam. Em depoimento à CPI na semana passada, Wascheck admitiu ter mandado gravar a conversa com Marinho. Ao todo, a CPI já aprovou a quebra de sigilo de cinco pessoas envolvidas no suposto esquema de corrupção nos Correios.

A votação de ontem na CPI foi rápida e tranqüila. Ao contrário da véspera, quando o PT tentou impedir a aprovação da devassa nas contas de Marcos Valério, os requerimentos de quebra de sigilo foram aprovados sem discussão e por unanimidade.