Título: Brasileiros aprovam planejamento familiar
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Vida&, p. A18

Pesquisa mostra que maioria é a favor da distribuição de pílula e de preservativo

Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que práticas de planejamento familiar são aprovadas pela população, embora muitas vezes não haja informação ou acesso adequado a métodos contraceptivos. As conseqüências da falta de acesso estão estampadas no própria estudo. Dos entrevistados, 36% têm filhos sem ter planejado. Outros 21% disseram que, dos filhos, pelo menos um não estava nos planos do casal. Feito a partir de entrevistas com 2.100 moradores de 131 municípios, o trabalho demonstrou o quanto a população é receptiva aos métodos de planejamento. Das pessoas ouvidas, 77% consideram positiva a oferta de pílulas do dia seguinte em serviços públicos de saúde. A inclusão este ano desse método contraceptivo na rede de saúde despertou polêmica entre religiosos e até uma disputa judicial. Em São José dos Campos, a distribuição das pílulas foi suspensa pela Justiça e, dias depois, retomada.

O estudo mostra ainda que a população aprova a distribuição de preservativos para adolescentes. A iniciativa começou no ano passado, num projeto piloto para prevenção de aids na rede pública de ensino. Atualmente, mais de 400 escolas fazem a distribuição. Mesmo assim, o estudo mostra que, para a população, os pais devem ser os principais responsáveis pela educação sexual dos filhos.

A pesquisa indica que poucos sabem quais métodos contraceptivos são encontrados na rede de saúde. Das pessoas ouvidas, 70% desconheciam que o governo está ampliando a oferta de métodos. "Vamos fazer uma campanha publicitária, para mostrar o que de fato existe na política de planejamento familiar", afirmou Humberto Costa. A expectativa é que a campanha seja veiculada entre julho e agosto.

Lançada no início deste ano, a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos prevê a ampliação de oferta de métodos contraceptivos, o aumento de oferta de cirurgias para esterilização e a instituição de serviços de reprodução humana assistida. A expectativa é que 21 centros sejam criados no País. Quatro deles até o fim do ano. "A idéia é primeiro incentivar programas de adoção. Caso o casal não se disponha a isso, vamos encaminhá-lo para serviços de reprodução assistida."