Título: Exército de Israel isola Faixa de Gaza
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2005, Internacional, p. A15

Objetivo é impedir a entrada de mais radicais israelenses em reforço aos judeus residentes que serão removidos do território palestino

Depois de uma série de incidentes violentos nos últimos dias envolvendo os colonos judeus, o Exército de Israel isolou ontem a Faixa de Gaza, declarando o território "zona militar fechada" para impedir a entrada de extremistas israelenses. Apenas os residentes na região terão permissão para ingresso. O pequeno território é todo cercado por diferentes tipos de barreira. Todas as entradas são controladas pelos militares israelenses.

Ao mesmo tempo, soldados e policiais de Israel invadiram ontem o Hotel Maoz Yam, ocupado havia várias semanas por cerca de cem extremistas de direita opostos aos planos do primeiro-ministro Ariel Sharon de remover as tropas israelenses e todas as colônias judaicas da Faixa de Gaza. Os radicais se entrincheiraram no prédio e se algemaram uns aos outros. Ninguém ficou ferido na operação, que resultou na prisão de quatro extremistas.

O Conselho Yesha, representante dos colonos judeus nos territórios árabes ocupados por Israel, exigiu que o governo remova a ordem de declarar a Faixa de Gaza zona militar fechada e reabra o acesso à colônia de Gush Katif. Seus líderes ameaçam levar "dezenas de milhares" de aliados a Gush Katif em apoio aos colonos.

"Há informação de inteligência de que mais grupos extremistas estão se dirigindo para a Faixa de Gaza com a intenção de apoiar seus amigos e ampliar os atos de provocação", assinalou o comunicado militar sobre o fechamento do acesso à região. Um porta-voz do Exército disse à Rádio Israel que a medida é temporária.

Em entrevista ao diário israelense Haaretz na noite de quarta-feira, Sharon afirmou que tomará todas as medidas necessárias para pôr fim aos atos de violência e aos bloqueios de estrada. "A batalha agora não é sobre o plano de desengajamento, mas sobre a imagem e o futuro de Israel", disse, referindo-se aos protestos de quarta-feira, os mais violentos contra o plano de retirada da Faixa de Gaza. Nesse dia ultranacionalistas entraram em confronto com soldados, tentaram linchar um adolescente palestino de 16 anos e jogaram óleo e tachinhas na rodovia Jerusalém-Tel-Aviv.