Título: Uma maratona musical contra a pobreza
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2005, Vida&, p. A21

Eram 2 horas no Brasil quando o primeiro concerto do Live 8, maratona internacional de música programada para reunir 160 artistas tocando para mais de 2 bilhões de pessoas em 10 cidades, para arrecadar fundos para combater a pobreza africana, começou ontem em Tóquio, no Japão. No show que abriu o evento no mundo, o palco foi da cantora islandesa Bjork, da banda inglesa McFly e da americana Good Charlotte - tudo transmitido ininterruptamente pela internet e pela televisão.

O megaevento humanitário, não por coincidência, aconteceu às vésperas da reunião da cúpula do G8, formado pelos oito países mais industrializados do mundo e pela Rússia, na Escócia.

Em uma carta ao grupo, o músico e ativista político irlandês Bob Geldof, um dos organizadores do evento, disse que a reunião desapontará o mundo se não conseguir reunir US$ 25 bilhões para a África.

"Não vamos aplaudir meias medidas ou política corriqueira.

Essa tem de ser uma iniciativa histórica", disse.

A programação inclui shows em Londres, Roma, Berlim, Moscou, Paris, Filadélfia, Tóquio, Barrie (Canadá), Johanesburgo e Cornwall.

Mas os maiores astros do evento, que estiveram presentes no famoso Live Aid, show que há 20 anos reuniu os grandes nomes da música pop na Inglaterra também para arrecadar fundos para a África, concentraram-se a partir do meio-dia no show principal, no Hyde Park de Londres.

O ex-beatle Paul McCartney e o músico Bono Vox, do U2, interpretaram juntos a lendária canção Sgt Pepper's Lonely Hearts Clube Band.

Enquanto o U2 interpretava Beatiful Day, pombas foram soltas pela multidão, formada por cerca de 250 mil pessoas.

Não faltaram discursos e apelos aos líderes políticos.

"Três mil africanos, a maioria crianças, morrem por dia pela picada de um mosquito.

Podemos mudar essa situação", afirmou Bono.

Coldplay veio logo depois e deixou o palco para Elton John, que interpretou em dueto com o cantor Pete Doherty, namorado da modelo Kate Moss.

O show, que começou no meio do dia, teve ainda uma aparição surpresa do milionário fundador da Microsoft, Bill Gates, que fez um breve discurso em favor de doações para os países pobres.

Ainda estavam na programação do concerto londrino shows de Madonna, Dido, REM, Annie Lennox e Pink Floyd.

No encerramento, Paul McCartney, George Michael e Mick Jagger.

Na Alemanha, o concerto reuniu cerca de 100 mil pessoas até a tarde de ontem em Berlim, uma concentração que os organizadores esperavam que aumentasse ao longo do dia.

Na versão italiana, o Live 8 tomou o Coliseu de Roma, preparado para abrigar cerca de 200 mil pessoas durante as sete horas de música.

Na programação, Duran Duran, Noa e Laura Pausini.

Pet Shop Boys e banda mais conhecidas do público russo atraíram a multidão em Moscou.

O ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, fez um pronunciamento transmitido em um telão para cerca de 20 mil pessoas no show de Johanesburgo, pedindo a todos para "trabalhar para converter a pobreza em passado".

Durante todo o dia de ontem, a estimativa dos organizadores era reunir em todos os shows mais de meio milhão de pessoas.

Eles esperavam também que cerca dede 85% da população mundial conseguisse ter acesso ao megafestival pela internet, rádio ou televisão.