Título: Furlan quer proteger setores frágeis
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

Ministro promete estudar medidas para evitar que calçados e confecções sejam afetados pela valorização do real

Passada a euforia do governo com os números históricos da balança comercial no primeiro semestre deste ano, o ministro da Indústria e do Comércio, Luiz Fernando Furlan, promete estudar medidas para que setores como calçados e confecções não sejam continuamente afetados pelo câmbio. "É inesperada, até para analistas internos e externos, essa valorização excessiva do real em relação às moedas americana (dólar), japonesa (iene) e européia (euro)", disse Furlan, que informou que empresas com baixo volume de vendas e outras intensivas em mão-de-obra também perdem terreno no comércio exterior. Mas há quem ganhe, como os fabricantes de aparelhos celulares e eletroeletrônicos, lembrou o ministro. Essa situação levou, inclusive, o Estado do Amazonas a registrar aumento de participação nas exportações brasileiras de 130,6%, passando de vendas de US$ 460,8 milhões no primeiro semestre de 2004 para US$ 1,062 bilhão no primeiro semestre deste ano. Fabricantes de aparelhos celulares como Nokia e Siemens produzem aparelhos na Zona Franca de Manaus.

Os números mostram também que o Estado de São Paulo continua a responder pela maior fatia das exportações brasileiras, de 32% do total ou US$ 17,2 bilhões, seguido de Minas Gerais (11,9%), Rio Grande do Sul (9%), Paraná (8,8%), Rio de Janeiro (5,9%) e Santa Catarina (4,9%).

Furlan reconhece, porém, que essa valorização da moeda brasileira - o dólar fechou o dia ontem cotado a R$ 2,35 - não irá afetar as previsões de exportações US$ 112 bilhões este ano, com o saldo a favor do País, descontadas as importações, de US$ 35 bilhões.

O ministro disse ainda que os números do setor automobilístico no primeiro semestre não mostram perda de competitividade do segmento em função do câmbio. Pelos números, as exportações de carros tiveram aumento de 24,3% este ano em relação ao primeiro semestre do ano passado, com Argentina, México, Alemanha e Estados Unidos figurando como principais mercados.

A maior queda nas exportações foi registrada no complexo soja, com óleos caindo 53,7% e o grão, 35,2% em relação ao primeiro semestre do ano passado, por causa da quebra de safra no País e dos preços baixos do produto no mercado internacional. "Essa situação, porém, deve se regularizar nesse segundo semestre", disse o ministro.

Para Furlan, o mais importante, nesse momento, é verificar que o País abriu novas fronteiras para o comércio exterior. No primeiro semestre deste ano, as vendas para a Europa Oriental cresceram 91,3%; para a África, 43,7%; para a Aladi, exceto Mercosul, 36,7%; e para o Mercosul 34,6%. Para a Argentina, o crescimento foi de 38,6%. Hoje, a participação da Aladi e da União Européia como destinos das exportações brasileiras é maior que a dos EUA.