Título: Desmatamento no sul do Amazonas cresce 16%
Autor: Liège Albuquerque
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2005, Vida&, p. A21

Estudo do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) mostra que todo o avanço da fronteira agropecuária na região deve ocorrer em cima de vegetação primária

Embora tenha sido comprovado que o Amazonas é o Estado menos desmatado da região Norte, em mapas divulgados há um mês pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um estudo apresentado ontem pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) apontou um aumento de 16% na área desmatada no sul do Estado no ano passado em relação a 2003. A área destruída em 2004 foi de 8.238 quilômetros quadrados, ante os 6.926 quilômetros quadrados perdidos em 2003. No sul do Amazonas, o chamado "estoque do desmatamento" - áreas já devastadas que estão sendo incorporadas pelo avanço da fronteira agropecuária - parece ter chegado ao fim, segundo o levantamento. "Os dados preliminares mostram que não existem mais áreas degradadas a serem ocupadas. Todo o avanço agora será justamente em cima da vegetação primária: da floresta e das savanas naturais", alerta o chefe da Divisão de Análise Ambiental do Centro Técnico Operacional de Manaus (CTO-Manaus) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam),Samuel Wainer Cavalcante e Silva.

Os mapas do Sipam foram feitos por meio de imagens do satélite Landsat 5, com a mesma resolução usada pelo Inpe, de 30 metros. O Sipam, no entanto, ainda utilizou imagens de um outro satélite, o CCD/CBRS, com resolução de 20 metros, e imagens captadas por um sensor instalado em um avião, com resolução de 6 metros.

Por conta do diferencial, o levantamento feito pelo Sipam vai além dos mapas dos satélites do Inpe separando por municípios as áreas desmatadas. As 12 cidades do sul do Amazonas mais desmatados são Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Apuí, Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira e Pauni.

O Sipam aponta que os municípios que apresentaram maior crescimento de área desmatada foram Canutama (36,55%) e Humaitá (34,52%). Guajará, a 1.645 quilômetros de Manaus, traz o recorde de ter quase 70% de sua área desmatada.

O mesmo estudo deverá ser feito, em breve, no sul do Pará.