Título: PT defende contrato com filho de Lula
Autor: Vera Rosa e João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2005, Nacional, p. A4

Petistas saíram em defesa ontem da contratação de um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo diretório estadual do PT em São Paulo. Estudante de publicidade, Sandro Luís Lula da Silva trabalhou para o PT de maio de 2002 a até cerca de 15 dias. Fazia serviços de informática e preparava relatórios especialmente para o presidente do partido no Estado, Paulo Frateschi. Desde o início de 2003, porém, segundo um funcionário da legenda e colega de trabalho, passou a prestar serviços à distância. "Ele pediu para ser desligado porque estava ocupado com outras coisas, mas trabalhava aqui sim", disse o funcionário, que preferiu não se identificar. "Não vejo ilegalidade ou impedimento moral", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "Ele tem bons conhecimentos de informática e está capacitado a prestar esse tipo de assessoria." Ele desconhecia a contratação de Sandro, noticiada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. Disse que nunca encontrou com Sandro na sede do PT paulista, mas ressalta que não costuma freqüentar o local. "É crescente o número de pessoas que trabalha em casa. Tenho uma funcionária do gabinete que tem problemas de saúde e faz traduções da casa dela."

O próprio Suplicy lembra que, em época de campanha, costuma receber muitos pedidos para que seu filho, Supla, cante em shows do partido. "Ora, ele vive disso. Não pode ser remunerado pelo partido porque é meu filho? Não seria justo", afirmou o senador. "É claro que se fosse no setor público seria diferente, mas isso ocorreu no âmbito do partido."

O presidente do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, não foi encontrado para comentar o caso. O salário de Sandro seria de R$ 1.522. Ele teria passado a trabalhar para a legenda de casa quando, em 2003, um segurança da Presidência foi assassinado na porta da residência de sua namorada.