Título: Para petista, cúpula precisa sair
Autor: João Domingos e Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2005, Nacional, p. A5

Integrante do Conselho de Ética, do Diretório Nacional e da esquerda do PT, o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ) diz que a renúncia de toda a Executiva Nacional do partido, inclusive do presidente José Genoino, é a resposta que a militância precisa ter às denúncias que mancham a biografia do PT. Maldito no Campo Majoritário, corrente petista do presidente Lula, do deputado e ex-ministro José Dirceu e de Genoino, Alencar defende que a saída da crise é "o PT voltar a ser PT". Abaixo, trechos de sua entrevista, por telefone, ao Estado. Qual deve ser a reação do presidente do PT, José Genoino?

Acho que ele deveria se afastar. Estamos a pouco mais de dois meses das eleições gerais do PT e, com toda essa crise, sobretudo o último episódio do empréstimo. Primeiro ele negou, depois disse que assinou, mas que não leu... É uma situação ruim. O ideal seria toda a Executiva abrir mão desse final de mandato. Esses companheiros - Genoino, Delúbio, Silvinho (Sílvio Pereira, secretário-executivo), Dirceu e Marcelo Sereno (secretário de comunicação nacional) - ficariam mais à vontade para ir depor, seja no Conselho de Ética da Câmara ou nas CPIs. Eles não terão condições de dirigir o partido nessa crise, ainda mais estando no foco dela. A militância está perplexa e precisa de uma resposta rápida.

O senhor acredita que Genoino tenha assinado o empréstimo sem saber que Marcos Valério também era avalista?

Sem ler? Um montante desses (R$ 2,4 milhões), se assinou sem dar muita bola, foi uma desatenção grave, que beira a irresponsabilidade. Além do mais, esse empréstimo foi inusitado, para não dizer estranho, porque o PT estava assumindo o governo federal e a expectativa de receita era grande. Mais grave ainda foi, em 2004, já com contratos assinados com o governo federal, o Marcos Valério pagar uma parcela. É uma promiscuidade que o partido não aceitaria, se o assunto tivesse sido discutido, mas não foi.