Título: Indicações para cargos nos fundos de pensão eram dirigidas com mão-de-ferro
Autor: Alexandra Penhalver
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2005, Nacional, p. A9

No início do governo, Gushiken dirigiu com mão-de-ferro o preenchimento dos cargos nos fundos de pensão de estatais, dando total preferência a seus amigos sindicalistas. Para a Petros, segundo maior fundo de pensão brasileiro, com patrimônio de R$ 25 bilhões, indicou Wagner Pinheiro, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Como os petroleiros - muito ativos na CUT - reclamaram, foi criado um cargo novo, a secretaria-geral, preenchida pelo sindicalista Newton Carneiro da Cunha. Foi Cunha quem assinou o expediente endereçado a Pinheiro, propondo a contratação, sem licitação, da Globalprev para gerir o passivo do plano da Sanasa. A Petros é o maior fundo multipatrocinado do País e tem estrutura para gerir 24 planos, fora o da Petrobrás.

"O Conselho Fiscal da Petros há tempos tenta conhecer os contratos firmados pela atual diretoria", diz o conselheiro Rodolfo Huhn. Ele viu apenas a licitação vencida pela Trevisan Associados, que rendeu um contrato de R$ 850 mil para consultoria em áreas heterogêneas como investimentos imobiliários e mobiliários, informática e benefícios, nas quais a Petros sempre teve estrutura própria. A licitação, segundo Huhn, foi feita com carta-consulta a três empresas, das quais uma desistiu e outra cotou preços para apenas duas áreas e acabou desclassificada. A Trevisan terceirizou o trabalho com cinco empresas, entre elas a Globalprev.

A casa-sede da Globalprev, em Indaiatuba, não tem placa de identificação. Vizinhos garantem que ali morou a família Gushiken e que, quando ele se mudou para Brasília, passou a funcionar a empresa.