Título: Novas empresas acirram briga no ar
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2005, Economia & Negócios, p. B10

Novas companhias aéreas prometem esquentar o mercado de aviação este ano. Nos últimos dez dias, o País ganhou mais duas companhias regulares, a Webjet e a Team, que prometem estrear nas próximas semanas. Outras seis empresas estão com processos tramitando no Departamento de Aviação Civil (DAC), seja para operar como regular, seja para operar com vôos fretados. São elas a Sete, AirMinas, Capital, JetSul, Globex e Samba. Esta última pertence à agência de viagens CVC e irá operar apenas com vôos fretados (não regulares). A carioca Webjet promete estrear nos céus brasileiros até o fim do mês. Com dois Boeings, a Webjet pretende iniciar operações com vôos para Brasília, São Paulo (Guarulhos), Rio (Galeão) e Porto Alegre. A empresa contou com um aporte inicial de R$ 10 milhões, de um grupo de cinco investidores do Rio. Segundo seu diretor-presidente, Rogério Ottoni, o projeto é começar a operar no azul em "poucos meses". "A velocidade do crescimento vai depender do retorno, da aceitação do mercado", diz. Se a resposta for boa, até o fim do ano a empresa deverá voar para Salvador, Recife, Curitiba, Florianópolis e, possivelmente, Belo Horizonte.

O sucesso do negócio, explica Ottoni, está baseado no fato de que a empresa será proprietária dos canais de distribuição de bilhetes (internet, telemarketing e lojas de aeroporto), sem precisar gastar com comissões. Além disso, Ottoni acredita que manter uma base única - todo avião sairá do Rio e retornará à base no final do dia - também ajudará a diminuir custos.

Um dos principais diferenciais apontados pelo presidente da Webjet é a transparência em relação aos custos do bilhete. "Queremos evitar que o passageiro se sinta enganado com o a partir de", diz. Haverá apenas uma classe tarifária em cada vôo e o preço irá variar conforme a oferta e a demanda. O serviço de bordo será simplificado, mas não minimalista, garante Ottoni, que não gosta de ser comparado à Gol. "Qualquer empresa de qualquer segmento busca baixo custo, isso não é privilegio da aviação nem da Gol."

A Team Transportes Aéreos, que também acaba de ganhar concessão para voar regularmente, atua no litoral fluminense desde 2001, atendendo basicamente à indústria de petróleo. Com dois bimotores de 19 passageiros e mais um a caminho, a Team voa para Búzios, Angra dos Reis, Parati e Macaé. Na linha Rio-Macaé, são 12 vôos diários de segunda a sexta.

Apesar do foco regional, a Team tem ambições de expandir sua atuação para o resto do País. Porém, ao invés de vôos cruzando o Brasil, a proposta da empresa é atuar de forma regional, com uma base em cada região. "Quero continuar regional e crescer como o McDonald s, com franquias", afirmou o presidente da empresa, Mário Moreira. "As empresas regulares pecam quando resolvem atender várias regiões." Segundo Moreira, que é piloto e uma vez por semana faz questão de entrar na escala de vôos, a ligação inter-regional seria feita em parceria com as empresas nacionais. Hoje, a empresa opera em parceria com a Gol.

Transportando basicamente o executivo, a Team tem programa de milhas e se orgulha de manter um índice de pontualidade de 99,3%. "Não vendo distância, meu produto é tempo. Segurança e conforto são commodities", diz Moreira.

Apesar de ter feito um grande estardalhaço no início do ano, com a promessa de começar a operar de forma regular a partir de maio, a BRA adiou seus planos para agosto. "Achamos melhor aguardar o fim da temporada de inverno, pois os aviões estão comprometidos com os vôos fretados", diz o vice-presidente da BRA, Walter Folegatti. A empresa ganhou a concessão em maio e tem um ano para iniciar operações. Caso contrário, perde a concessão. "A concessão está dada, só falta a gente ir ao DAC (negociar as linhas)."

A empresa tem intenção de operar no concorrido aeroporto de Congonhas. "Estamos insistindo em Congonhas e só vamos entrar quando nos derem as condições ideais", diz Folegatti. "As linhas têm de sair."

Empresa do grupo de turismo PNX, a BRA está registrada para fazer vôos charter, mas atua na prática como companhia regular na maioria de seus vôos. A empresa só entrou com pedido para virar regular depois de muita pressão do setor e do DAC.