Título: Para críticos, ação de entidades e da polícia foi responsável pela melhora
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Metrópole, p. C1

O Estatuto do Desarmamento tem críticos. Esse é o caso de Benê Barbosa, presidente da organização não-governamental Viva o Brasil. Ele credita a redução dos homicídios em São Paulo a outras políticas públicas e não à restrição às armas. "Foram a ação da polícia e as políticas de inclusão social que diminuíram a violência letal." De acordo com ele, se em São Paulo houve redução das mortes, o mesmo não ocorreu em Sergipe, Estado que lidera o ranking de entrega de armas por habitantes - São Paulo é o 8º. Segundo ele, o desarmamento não ajuda a combater a criminalidade, porque são as armas ilegais as usadas nos crimes. Barbosa defende o direito ao porte "dentro de seriíssimas restrições", como testes de aptidão e psicológicos.

O pesquisador Guaracy Mingardi defende o Estatuto, mas diz que sem a ação policial, a nova leio não terá efeito - algo que explica a diferença nos Estados. Segundo ele, hoje só é possível verificar o impacto nos homicídios, mas ele chegará aos roubos. "A arma comprada hoje demora de dois a três anos para chegar nas mãos de um ladrão."

De acordo com o coronel José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança, o impacto do desarmamento tende a ser alto, porque o nível de violência é elevado e qualquer redução se torna significativa. Há ainda uma cultura de baixo controle, que leva à impunidade. "Em função disso, as armas são mais letais no Brasil."

O Ministério da Justiça informou que o estatuto não foi concebido para combater a violência, mas para diminuir as mortes banais e as internações por causa de armas, objetivos atingidos.