Título: Presidente só vai ficar 12 horas na Escócia
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Nacional, p. A12

LONDRES - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na quinta-feira da reunião do G-8 - os sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia -, na Escócia, mas ficará apenas 12 horas no país. Além do tempo escasso, Lula deve encontrar uma recepção mais fria do que há dois anos, quando foi uma das estrelas de encontro semelhante realizado em Evian, na França. Segundo o Itamaraty, o presidente será acompanhado por apenas um ministro, Celso Amorim, das Relações Exteriores. Após desembarcar, no início da manhã, Lula vai diretamente para o Hotel Gleneagles, sede do encontro. Seu primeiro compromisso oficial será uma reunião de coordenação com os chefes de Estado dos outros quatro países em desenvolvimento convidados a participar: China, Índia, México e África do Sul. Depois, participa de reunião e almoço de trabalho com os líderes do "G-8 ampliado".

Fontes do Itamaraty informam, porém, que a agenda ainda não foi totalmente fechada. O presidente Lula poderá manter um encontro com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. O retorno ao Brasil está previsto para o início da noite de quinta-feira.

EXPECTATIVA

Em junho de 2003 a presença do presidente Lula no encontro do G-8 havia gerado enorme expectativa, diante de sua biografia política e das propostas para combater a miséria no mundo. Agora, segundo analistas, essa lua-de-mel com a comunidade internacional pode estar acabando.

"Há um processo de fadiga com o Brasil e o governo Lula", afirma o professor Alfredo Valadão, do Instituto de Estudos Políticos de Paris. Para Valadão, a imagem do presidente brasileiro, apesar de ainda contar com um enorme prestígio internacional, vem sendo desgastada nos últimos meses.

"Lula foi eleito com um modelo alicerçado em três pilares: ético, de justiça social e de crescimento econômico", destaca o professor Francisco Panizza, da London School of Economics. "Na questão ética, há essa onda de denúncias de corrupção, no lado social pouco há o que se mostrar e na economia o desempenho é positivo, mas boa parte do gerenciamento econômico é vista como uma continuação do governo anterior."