Título: Brancos têm mais câncer de próstata
Autor: Ricardo Westin
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Vida&, p. A17

Até agora, com base em pesquisas feitas principalmente nos Estados Unidos, sabia-se da existência de três grupos de risco do câncer de próstata: os homens com mais de 50 anos, os que têm algum parente com a doença e os negros. Um estudo, no entanto, indica que a pele negra pode não ter influência nos casos de câncer de próstata registrados no Brasil. O levantamento, que está sendo conduzido pela seccional São Paulo da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP) e será concluído no mês que vem, ouviu desde agosto cerca de 1.400 homens que têm esse tipo de câncer no Estado de São Paulo. É o primeiro estudo epidemiológico sobre a doença feito no País.

Os números mostram que, no Brasil, o câncer de próstata é muito mais freqüente entre os brancos. Dos homens com a doença em São Paulo, 86% são brancos e só 12% são negros e pardos.

"A diferença entre os EUA e o Brasil talvez seja explicada pela origem étnica dos negros que foram para lá e dos que vieram para cá. Além disso, os hábitos alimentares são diferentes nos dois países", diz o urologista Stênio de Cássio Zequi, um dos coordenadores do estudo.

O levantamento ouviu homens de todos os níveis sociais: 45,62% eram pacientes da rede pública de saúde, 43,55% foram atendidos por meio de convênio médico e 10,24% eram pacientes de consultórios particulares. Segundo Zequi, porém, é necessário fazer pesquisas mais abrangentes para chegar a uma conclusão segura sobre a relação entre câncer de próstata e cor da pele no Brasil.

A próstata é o órgão responsável pela produção do esperma. O principal sinal do câncer é o inchaço do órgão, o que provoca uma pressão contra a bexiga e a uretra e leva ao sintoma clássico, que são alterações na micção. A incidência é maior a partir dos 50 anos, por isso a necessidade de exames anuais a partir dessa idade. Segundo o estudo paulista, o índice dos doentes com menos de 50 anos é de 2%.

É o tipo de câncer que mais afeta os homens no Brasil e o segundo em número de mortes. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o País têm 46 mil homens com câncer de próstata. A doença mata 9.200 brasileiros por ano. Em quantidade de mortes, fica atrás apenas do câncer de pulmão.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

Outro dado da pesquisa da SBU-SP que chama a atenção é referente ao estágio da doença quando o médico foi procurado. Em quase 80% dos casos, ela estava na fase inicial, quando o tumor na próstata ainda não se espalhou para outras partes do corpo. Nesse estágio, são grandes as chances de cura.

Grande parte procurou o urologista espontaneamente (35,87%) e por encaminhamento de outro médico (33,73%).

Para a médica Gulnar Azevedo e Silva, coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, o diagnóstico precoce é sinal de que a população tem mais consciência da doença hoje.

"Os homens já têm mais medo do câncer de próstata do que do câncer de pulmão", afirma.