Título: Itamaraty dará prioridade a negociações em andamento
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

O Brasil vai se concentrar nas negociações comerciais já em andamento e priorizar os acordos mais importantes para o Mercosul, como o da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), com a União Européia e o Canadá. Essa foi a mensagem do embaixador Régis Arslanian, diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, em seminário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo Arslanian, "não dá para negociar com 20, 30 países ao mesmo tempo". "Não podemos abrir uma nova negociação por dia, mas isso não quer dizer que estaremos fechados se amanhã aparecer um país que interesse ao Mercosul", disse o embaixador.

Segundo ele, entende-se a ansiedade dos empresários brasileiros porque o País está abrindo muitas novas frentes de negociação comercial. "Não é que o Mercosul esteja procurando (novos acordos), existe uma fila de países e regiões querendo negociar conosco", disse.

Segundo Arslanian, esse assunto foi debatido na reunião de cúpula do Mercosul em Assunção, nos dias 18, 19 e 20 de junho."Existe a possibilidade de negociar com a Coréia do Sul, China, Austrália, Nova Zelândia, mas estamos priorizando as grandes negociações." China e Rússia não estão na agenda de negociações de livre comércio.

Arslanian afirmou que o Mercosul deve realizar uma reunião ministerial com a União Européia no início de setembro, em Bruxelas. O Itamaraty espera uma melhora substancial na oferta agrícola da UE e se propõe a negociar as condições do drawback - mecanismo segundo o qual os exportadores recebem um reembolso dos impostos pagos sobre insumos importados. "Alguns setores da indústria podem abrir mão do drawback, podemos oferecer isso na negociação com a UE", disse.

Segundo Arslanian, a negociação com o Canadá está avançando e o País está montando sua proposta com pedidos e ofertas, para discutir em uma reunião em julho ou setembro. Ele anunciou também uma negociação trilateral com Índia e África do Sul no Rio de Janeiro, no início de agosto. "Hoje, os acordos com Índia e África do Sul são limitados; a idéia é ampliá-los." E em julho chegará a Tel-Aviv a primeira missão técnica para negociar livre-comércio com Israel.