Título: Balança inicia julho com saldo de US$ 380 milhões
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

BRASÍLIA - A balança comercial teve superávit de US$ 380 milhões no primeiro dia de julho. Foram exportados US$ 649 milhões e importados US$ 269 milhões. Embora as exportações apresentem forte ritmo de crescimento em relação a julho de 2004, a base de comparação não é consistente porque os números deste ano refletem só um dia útil. As vendas externas cresceram 58,8% em relação a julho do ano passado, quando a média diária fechou em US$ 408,7 milhões. No ano, as exportações totalizam US$ 54,327 bilhões e as importações, US$ 34,276 bilhões, um saldo de US$ 20,051 bilhões.

Em julho, houve ampliação nos embarques das três categorias de produtos. As de semimanufaturados aumentaram 128,1%, em decorrência do aumento das vendas de ferro fundido, ferro-ligas, couros e peles, semimanufaturados de ferro e aço e açúcar em bruto.

As vendas de manufaturados subiram 59,0%, principalmente chassis com motor, aparelhos receptores e transmissores, óxidos e hidróxidos de alumínio, açúcar refinado, suco de laranja, óleos combustíveis, máquinas e aparelhos para terraplenagem, autopeças, automóveis de passageiros e calçados.

As exportações de produtos básicos aumentaram 29,4%, por conta, principalmente, de minério de ferro, carne suína, bovina e de frango, pescados, carne de peru, fumo em folhas e camarão congelado.

Nas importações, a média diária na primeira semana de julho, de US$ 269,0 milhões, ficou 7,1% acima da de julho de 2004, de US$ 251,2 milhões. Ampliaram-se os gastos, principalmente, com plásticos e obras (50,6%), equipamentos elétricos e eletrônicos (37,5%), siderúrgicos (31,0%), equipamentos e instrumentos de ótica e precisão (21,6%), cereais e produtos de moagem (18,9%), equipamentos mecânicos (17,1%) e combustíveis e lubrificantes (5,1%).

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem, em Fortaleza, que os "números da economia são muito saudáveis". Por isso, os investidores estrangeiros não estão preocupados com a crise política. "É só a gente ver os comentários de que o Brasil tem uma geração de caixa extraordinária de US$ 38 bilhões de superávit até junho, em 12 meses. Mais do que ler as notícias da crise, os investidores olham os números, que falam mais forte", comentou Furlan. O ministro manteve a previsão de crescimento econômico acima dos 4% este ano.

Em palestra para empresários, no 23º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, Furlan foi indagado pelo vice-presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Michael Rogowski, se haveria chance de o Banco Central baixar a taxa de juros (de 19,75%), considerada por ele muito alta. "Eu vejo, sim, essa possibilidade, mas não sei quando, respondeu Furlan, culpando os juros pela alta no câmbio.

O ministro classificou de inesperada, até para analistas brasileiros e estrangeiros, a alta do real ante moedas como dólar, iene e euro. Ele disse a Rogowski estar aberto a sugestões, desde que não sejam para reduzir as exportações. "Minha sugestão é baixar a taxa de juros, simplesmente", disse o vice-ministro alemão.

Questionado se estaria demissionário na reforma ministerial que será anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Furlan afirmou que está cumprindo a agenda, "trabalhando com foco no resultado". "É isso que nos move", disse.