Título: Gushiken pode ser próximo alvo
Autor: Vera Rosa e Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2005, Nacional, p. A5

O presidente do PT, José Genoino, virou um anteparo para o governo Lula. No Planalto e no Congresso, o comentário é um só: se Genoino deixar o comando do partido, o foco das investigações recairá sobre o chefe da Secretaria de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken. Nos últimos dias, Gushiken virou o "ministro da vez": tem sido acusado de tráfico de influência e de beneficiar empresa da qual foi sócio em contratos com fundos de pensão - denúncias que ele nega. De qualquer forma, a crise política envolvendo a cúpula do PT tem abafado o caso.

Em conversas reservadas, no fim de semana, Gushiken chegou a dizer que o desgaste de Genoino era "quase irreversível". Ontem, porém, já defendia a permanência do companheiro no cargo.

"Eu acho que Genoino não deve segurar mais nada para o governo", afirmou o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP). "É inconcebível que ele tenha se envolvido em irregularidade e, por isso mesmo, deve se defender fora do PT."

A permanência de Genoino no comando do partido divide os petistas. No Campo Majoritário, que reúne as facções moderadas, o dilema é ainda maior, porque ele é o candidato do grupo a um segundo mandato. A eleição direta no partido, com o voto dos filiados, está marcada para o dia 18 de setembro. Se Genoino renunciar, o grupo terá de arrumar outro nome. A esquerda petista vê aí sua chance para crescer.

"Crucificar Genoino é um erro", disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Da mesma forma que nós, ele foi surpreendido no meio da guerra política. É duro, mas não adianta chorar sobre o leite derramado. Temos de dar soluções rápidas para a crise."

Aliados de Genoino criticaram a atitude do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que disse não confiar mais no presidente nacional do PT. Nos corredores do partido, o grupo de Genoino dizia ontem que Berzoini estava sendo "oportunista".