Título: 84% dos saques não identificam beneficiário
Autor: Sérgio Gobetti e Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2005, Nacional, p. A7

Apenas 16 dos 103 saques em dinheiro superiores a R$ 100 mil efetuados das contas da DNA e da SMPB no Banco Rural tiveram seu beneficiário identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, dono das duas agências de publicidade sacou pessoalmente R$ 1,19 milhão, de um total de R$ 20,9 milhões registrados entre julho de 2003 e maio de 2005. A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) suspeita que os valores de saque sejam muito superiores aos contabilizados pelo Coaf, já que o órgão teria uma postura passiva no recebimento dos dados. "Se os bancos, por desídia ou negligência, não comunicam as operações, não haverá registros no Coaf", argumentou a senadora.

Segundo ela, isso é comprovado pelas comunicações retroativas que o Bradesco e o Banco do Brasil fizeram assim que as notícias a respeito do escândalo começaram a ser divulgadas. "Os bancos correram para evitar sanções do BC, especialmente no caso do Bradesco, envolvido em contratos nos Correios", afirmou ela.

NOMES

Além de Marcos Valério, os relatórios identificam outros seis nomes de sacadores de dinheiro das contas das agências DNA e SMPB. São eles: Alexandre Vasconcelos Castro (ABN-Amro-Real), Alessandro Ferreira dos Santos (BB), Júlio César Marques Cassão (Rural), Geiza Dias, Simone Reis Lobo de Vasconcelos e Wagner Walter Monteiro.

Muitos saques feitos em espécie apresentam como destinação o pagamento de fornecedores. No caso do Bradesco, o Coaf informa que detectou uma movimentação total de R$ 5,54 milhões entre julho de 2004 e junho de 2005.