Título: Tesoureiro do PPS promete revelar homem da mala de SP
Autor: Sérgio Gobetti e Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2005, Nacional, p. A7

O tesoureiro do PPS paulistano, Ruy Vicentini, que afirmou ter recebido uma oferta de R$ 4 milhões do PT em troca de apoio à ex-prefeita Marta Suplicy, depõe hoje ao Ministério Público Estadual e promete apontar qual era o operador do dinheiro em São Paulo. O nome do acusado é Marcos César de Paiva Aga, um ex-assessor do secretario de Governo da gestão Marta, Ruy Falcão, vindo de Casa Branca, no interior de São Paulo. "Ele era o Marcos Valério do PT local", diz Vicentini.

Vicentini foi um dos homens do PPS procurados pelo PT no governo Marta num esquema com os mesmos moldes do mensalão denunciado em Brasília, conforme divulgou o Estado, no mês passado.

Segundo o tesoureiro, o secretário-geral afastado do PT Silvio Pereira e o ex-secretário municipal de Comunicação Valdemir Garreta procuram o PPS com uma oferta de R$ 4 milhões, em troca de apoio ao governo. O PPS teria recusado.

A proposta teria sido apresentada em uma conversa na padaria da esquina das Ruas Haddock Lobo e Estados Unidos. Além dos dois petistas, participaram do encontro Vicentini e o presidente municipal do PPS, Carlos Fernandes.

Seriam pagos R$ 2,5 milhões e o restante viria depois. Houve um segundo encontro, desta vez num hotel, onde foi citado o nome do tesoureiro afastado do PT Delúbio Soares.

Hoje, Vicentini levará os nomes das testemunhas que, segundo ele, podem comprovar a proposta feita pelo PT.

Sobre Aga, Vicentini diz não ter provas para apresentar ao MPE. Porém, ele afirmou que mostrará "fortes indícios" de que o responsável pela entrega do dinheiro entrou para o governo por intermédio do deputado federal José Mentor (PT-SP) e que teve um enriquecimento "inexplicável" durante o período em que atuou com o PT.

Segundo pessoas ligadas ao governo, Aga também era o responsável pelas negociações de indicação de cargos durante o governo Marta.

Vicentini responde na Justiça a duas ações movidas pelos membros do PT, após confirmar ao Estado o suposto esquema de corrupção.

A reportagem tentou contato com Marcos César de Paiva Aga nos telefones em seu nome em Casa Branca. A pessoa que atendeu disse que ele não estava. O deputado José Mentor e Ruy Falcão também não foram localizados.