Título: Deflação geral: IPC cai para -0,2%
Autor: Márcia Chiara, Francisco C. Assis e Alessandra S.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A deflação se generalizou entre os preços do varejo em junho e poderá, em alguns indicadores, repetir a dose neste mês. Três índices de custo de vida divulgados ontem revelam que o consumidor desembolsou menos em junho para se manter. Mas, por causa dos reajustes das tarifas públicas, apesar de menores do que nos últimos anos, a deflação não é uma tendência para os próximos meses. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), uma das referências do mercado, fechou junho com deflação de 0,20%. É a menor taxa mensal do IPC-Fipe na cidade de São Paulo, desde fevereiro de 2000.

A inflação foi derrubada pela queda nos preços dos alimentos (1,39%), dos transportes (0,11%) e dos artigos de vestuário (0,16%), neste último caso por causa do atraso da chegada do inverno.

"Poderemos ter uma pequena inflação em julho ou até deflação", prevê o coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti. Ele mantém a previsão do indicador para este ano entre 5% e 5,5%. Apesar do pequeno impacto do reajuste das tarifas em julho, que daria, de saída, uma inflação de 0,10%, o economista pondera que os preços dos produtos agrícolas continuam em queda e poderão neutralizar a alta dos administrados.

Outro indicador que apurou deflação em junho foi Índice de Custo de Vida (ICV) do Dieese, que teve recuo 0,17% nos preços no município de São Paulo, a menor taxa desde fevereiro de 2004. O resultado surpreendeu a coordenadora do índice, Cornélia Nogueira Porto, que esperava um índice menor que o 0,39% de maio, mas não negativo. Também neste caso, o indicador teve forte influência da queda dos preços do alimentos (0,73%), dos transportes (0,95%) e dos equipamentos domésticos (0,12%).

Para este mês, Cornélia espera que o ICV volte a subir e feche com alta de 0,30%, por conta dos reajustes das tarifas. "O cenário é tranqüilo, os preços administrados estão sendo reajustados abaixo do que ocorreu no ano passado", observa a economista. Em julho de 2004, o ICV subiu 1,21%.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi o terceiro indicador de junho divulgado ontem que apontou deflação. O índice fechou o mês com queda de 0,05%, ante alta de 0,04% em maio. O resultado do mês passado, influenciado especialmente pelo recuo dos alimentos (0,92%), foi a menor taxa desde a segunda semana de julho de 2003.

Já o Índice de Preços no Varejo da Fecomércio -SP encerrou junho com alta de 0,16%, porém em desaceleração ante maio (1,10%). A valorização do real e os juros altos são as principais causas de redução do IPV, diz a Fecomércio. Se a política econômica for mantida, a entidade não descarta a possibilidade de deflação neste mês.