Título: História circulou no mercado, mas banco nega
Autor: João Domingos Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2005, Nacional, p. A4

Instituto diz que tinha R$ 2,24 bilhões aplicados no exterior, em 2004, em sete outros bancos

Uma importante fonte do mercado segurador confirmou ontem que "de fato circulou no IRB" a história de que emissários do PTB pediram que um grande volume das reservas técnicas da instituição aplicadas no exterior fosse transferido para o Banco Espírito Santo, de Portugal. Segundo a fonte, um funcionário da instituição lhe relatou o caso. A assessoria do grupo Espírito Santo no Brasil diz que a instituição desconhece totalmente a história.

A fonte ponderou que o valor de US$ 600 milhões citado por Jefferson parece exagerado, mesmo que o episódio seja verdadeiro. Em 2004, o IRB investiu e aplicou R$ 3,6 bilhões, sendo que R$ 2,24 bilhões foram no exterior. O valor de US$ 600 milhões mencionado corresponderia a mais de 60% das aplicações do IRB no exterior.

A comissão de R$ 100 milhões mencionada pelo deputado petebistas também parece exagerada, mesmo supondo que de fato se referisse à transferência de US$ 600 milhões.

O IRB informou ontem, por meio da sua Assessoria de Comunicação, que não tem nenhuma aplicação no Banco Espírito Santo. Os recursos do IRB no exterior estavam, de acordo com o balanço de 2004, no Banco do Brasil, Goldman Sachs, Salomon Brothers, Dean Witter, Royal Bank of Scotland, Bayerische Landesbank e em fundos do Société Générale.

A história relatada pela fonte sobre a tentativa de fazer o IRB mudar suas aplicações no exterior é de que a proposta foi cabalmente rechaçada, por se situar na alçada do diretor financeiro Alberto de Almeida Pais, funcionário do Banco Central, e tido como de perfil técnico e totalmente avesso a irregularidades. Da antiga diretoria, apenas Pais e o vice-presidente Manoel Morais de Araújo, indicado pelo PT, não foram apontados no relatório da Comissão de Sindicância do IRB como suspeitos de improbidade administrativa e delitos penais.

De acordo com especialistas, é normal que o IRB tenha mais da metade de suas reservas técnicas aplicadas no exterior. Em 2004, o IRB recebeu R$ 2,8 bilhões em prêmios do mercado segurador brasileiro, dos quais R$ 1,4 bilhões foram repassado ao exterior.