Título: Adversários de presidente correm atrás de votos
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Nacional, p. A10

Adversários da permanência de José Genoino à frente da presidência do PT contabilizavam até ontem 17 dos 83 votos de integrantes do Diretório Nacional, que se reúne no fim de semana para tratar da recomposição da Comissão Executiva e da crise que assolou o partido e o governo Lula. "Estamos recebendo novas adesões sobre a troca de todos os petistas citados no caso do mensalão", afirmou o deputado Ivan Valente (SP), da Ação Popular Socialista e um dos articuladores do grupo de 22 deputados que já pediu a saída de Genoino. A Democracia Socialista, uma das principais correntes de esquerda da sigla, decidiu formalizar na reunião um apelo para o afastamento. "Em defesa do Genoino e do PT, a presidência do partido deve fazer parte da reestruturação da Executiva", afirmou Joaquim Soriano, secretário de Formação Política da legenda e um dos coordenadores da DS. Na reunião da Executiva, na terça-feira, apenas o secretário de Movimentos Populares, Jorge Almeida e o próprio Valente, cobraram oficialmente a saída de Genoino.

O próprio Campo Majoritário, ao qual pertence Genoino, está dividido e tenta amanhã definir sua estratégia para o encontro do Diretório. "Ninguém duvida da honestidade do Genoino, mas há um forte desgaste da direção na militância, o que também fragiliza seu nome no processo de eleição interna do PT", afirmou um parlamentar do Campo. Já há pressões para reabrir o prazo de inscrição das chapas para a disputa do Diretório nas eleições da sigla, em 18 de setembro.

Há divergências também no Movimento PT, grupo de centro cada vez menos alinhado à maioria moderada da legenda. "Vejo grandes mudanças na composição das forças internas do diretório", declarou o segundo vice-presidente do PT, Romênio Pereira. Ele não pediu a cabeça de Genoino, mas não dá o assunto por encerrado dentro de seu grupo político. E cobrou aceno do Campo Majoritário para dividir poder já, entregando a secretaria-geral do partido, por exemplo, para a Articulação de Esquerda, de Valter Pomar.

Candidato a presidente, Pomar se recusa a personalizar trocas no diretório e quer a permanência de Genoino. "Não adianta mudar a Executiva e não a linha política do PT", insistiu Pomar. "Precisamos fazer uma inflexão agora." Isso significa alterações na política econômica e de alianças. Aí as correntes de esquerda estão de acordo. Causou arrepios a presença de petistas no jantar promovido por Delfim Netto para tratar do déficit nominal zero.