Título: Para evitar expulsão, Cassol deixa o PSDB
Autor: Nilton Salina
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Nacional, p. A11

O governador de Rondônia, Ivo Cassol, se desfiliou ontem à tarde do PSDB, evitando assim que um relatório pedindo sua expulsão do partido fosse votado na sede da executiva nacional. Na última semana ele se reuniu em Brasília com uma comissão tucana encarregada da apurar denúncias de corrupção no Estado e negou qualquer envolvimento com irregularidades, mas suas justificativas não foram consideradas satisfatórias pelo partido. O Fantástico, da TV Globo, divulgou em 15 de maio fitas gravadas pelo governador, em que deputados apareciam pedindo R$ 50 mil. Em troca, ofereciam apoio na Assembléia. Depois disso, Cassol também foi alvo de diversas denúncias de envolvimento em corrupção. Ele negou todas elas.

O governador divulgou ontem carta à população de Rondônia dizendo que o principal motivo de sua desfiliação do PSDB é permitir que o partido fique à vontade para refletir sobre sua administração. "Deixo para o PSDB a liberdade de buscar novos nomes e informações de meu governo." O governo antecipou que não pensa em ingressar em outro partido ou que vá haver mudança em sua equipe de governo. Cassol se descreveu como "denunciante de um grande esquema de corrupção que envergonhou Rondônia e o Brasil". E ressaltou que sai de cabeça erguida, convicto de que sua missão foi cumprida, e sem guardar ressentimentos.

Na última semana o presidente da Assembléia Legislativa, Carlão de Oliveira, havia sido expulso do PFL. Todos os deputados que apareceram nas fitas exibidas pelo Fantástico conversando com o governador tiveram a filiação suspensa pelos partidos. O PT suspendeu de seus quadros três dos quatro deputados petistas, porque estariam envolvidos em desvio de verba de gabinete.

PROCESSO

Antes que o Fantástico divulgasse as fitas com pedido de propina, o Superior Tribunal de Justiça recebeu autorização da Assembléia para processá-lo. A ação é movida pelo Ministério Público Federal (MPF) por a supostas irregularidades ocorridas quando Cassol era prefeito de Rolim de Moura de 1996 a 2001. Ele teria favorecido empresas em execução de obras.

Cassol foi notificado pelo STJ e apresentou defesa. O MPF avaliou considerações do governador e encaminhou parecer pedindo que o processo seja iniciado. Se isso acontecer, ele será afastado do cargo por seis meses. Cassol disse que não há irregularidades nessas obras. "Confio na Justiça, por isso sei que tudo será esclarecido", afirmou.