Título: Lula anuncia nomes do PMDB e avisa que haverá novas mudanças
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Nacional, p. A13

Depois de anunciar ontem os três novos ministros do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoverá amanhã a segunda etapa da reforma do primeiro escalão. Deve ser confirmada a ida de Jaques Wagner, atual responsável pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, para a Secretaria de Coordenação Política, no lugar de Aldo Rebelo, que deve ser transferido para o Ministério do Trabalho. Há expectativa ainda de que Lula anuncie no mesmo dia o nome de Murilo Portugal para o Banco Central e de um técnico ligado ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para a Previdência, substituindo o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

A terceira etapa da reforma deve incluir a nomeação de novos dirigentes nas estatais e a escolha de nomes do PT dos ministérios, como Olívio Dutra, das Cidades, que poderão ser deslocados para postos da direção petista por causa da crise enfrentada pelo partido. Logo após a posse dos novos indicados, marcada para as 16 horas, o presidente Lula fará uma reunião ministerial, no salão oval do Palácio do Planalto.

O porta-voz da Presidência, André Singer, anunciou ontem oficialmente os três novos ministros do PMDB: o deputado Saraiva Felipe vai para a Saúde no lugar de Humberto Costa, o senador Hélio Costa, para as Comunicações, em substituição a Eunício Oliveira, e Silas Rondeau assume Minas e Energia, vaga com a ida de Dilma Rousseff para a Casa Civil. Com este desenho, o PT perde 2 ministérios e passa a ter um total de 17, embora mais perdas possam ocorrer, como as possíveis saídas de Olívio e de Ricardo Berzoini, do Trabalho.

Singer negou que os nomes dos três peemedebistas tenham sido impostos a Lula pelo partido. "As escolhas ministeriais são sempre, exclusivamente, do presidente da República", declarou o porta-voz, ao salientar que Lula informou que ainda anunciará "novas alterações nos ministérios".

Antes de viajar para a Escócia, Lula reuniu-se ontem com Berzoini e outros ministros na Granja do Torto para discutir financiamento para a área agrícola. Segundo informações obtidas no Planalto, porém, o presidente não tratou da eventual substituição de Berzoini, limitando a indicar que terá nova conversa com ele na sexta-feira. O PP deve mesmo ficar de fora do ministério Lula.

VIAGEM

Na noite de terça-feira, enquanto definia os nomes do PMDB, Lula convidou Jaques Wagner para acompanhá-lo à Escócia, para conversar sobre o novo modelo de articulação política que pretende para seu governo. A ida de um petista para o cargo é um antigo desejo dos petistas, que vinham bombardeando Aldo há meses. Só que todas as negociações com o PMDB para as trocas no ministério foram conduzidas por Aldo.

Neste momento, o desenho que se espera para a pasta é um ministério de coordenação política, assuntos institucionais, federativos e de desenvolvimento social, cujo nome deve ser fechado amanhã pela manhã. Ou seja, o Conselhão será absorvido pelo novo ministério, mas não deixaria de existir porque o governo considera esse canal de discussão com a sociedade muito importante. Nele será mantida também a subchefia de assuntos federativos, criada pelo presidente Lula para relações com os prefeitos.

ESTATAIS

Já as discussões sobre mudanças nas estatais estão longe de terminar. Lula gostaria de substituir todos os dirigentes que já anunciaram que serão candidatos. Mas esta não será uma regra absoluta. Além disso, nas estatais o presidente quer fazer mudanças olhando tudo com lupa, para evitar novos problemas. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deve ter participação decisiva na montagem deste quebra-cabeça.

Na Petrobrás, por exemplo, o Planalto pode substituir José Eduardo Dutra, que é candidato ao governo de Sergipe, por Rodolfo Landim, que hoje dirige a BR-Distribuidora e foi nomeado para o posto por Dilma. Na terça-feira à noite Dutra esteve no Planalto, mas ele preferia não deixar o cargo agora.

O governo ainda não bateu o martelo em relação à empresa. Uma decisão, no entanto, já está tomada: não é possível abrir empresas estatais como a Petrobrás para nomeações políticas. Entre outras estatais que podem ter seus comandos trocados estão a Eletronorte, que tem no irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, um dos seus dirigentes, a Eletrobrás e a Infraero, entre outras.