Título: SUS amplia verba para cirurgia contra obesidade
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Vida&, p. A17

O Ministério da Saúde acaba de aumentar a verba para as cirurgias de redução de estômago, indicadas para os pacientes com obesidade em níveis altos. Desde ontem, as chamadas técnicas 'restritivas', 'restritivas e desabsortivas' e 'desabsortivas' (ver quadro ao lado) ganharam, em média, R$ 1 mil a mais cada uma no repasse do Sistema Único de Saúde (SUS). 'A meta é ter um centro de cirurgia bariátrica (de redução do estômago) para cada 4 milhões de habitantes', calcula Lídia Marques, consultora do Departamento de Alta Complexidade do ministério. 'Cada centro deverá fazer, no mínimo, duas cirurgias por semana.' Hoje, o País conta com 52 centros credenciados pelo SUS. Cerca de 20% estão no Estado de São Paulo. Para receber o novo repasse, os centros deverão se recadastrar nas secretarias estaduais.

Trata-se do Registro Brasileiro de Cirurgia Bariátrica. A idéia é criar um cadastro comum de atendimento aos pacientes para diminuir as filas de espera.

Até agora, só um tipo de cirurgia de estômago podia ser feita pelo SUS. Em 2003, foram realizadas 1.813 operações. Em 2004, 2.014. O tempo de espera varia de centro para centro, já que uma pessoa pode se credenciar em vários ao mesmo tempo. No Hospital do Mandaqui, em São Paulo, por exemplo, um dos poucos lugares onde a cirurgia plástica reparatória é coberta pelo SUS, há 4 mil pessoas na fila.

A determinação do ministério também garante ao paciente um tratamento multidisciplinar. Ou seja, a partir de agora, psicólogos, nutricionistas e cirurgiões plásticos para cirurgias reparadoras também podem ser pagos pelo SUS.

Para ter direito a esse tipo de cirurgia, o paciente deve ter o Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 (para se chegar ao índice, deve-se dividir o peso, em quilos, pela altura, em metros, ao quadrado). Também são levados em conta a existência de doenças crônicas agravadas pela obesidade e a ausência de distúrbios psiquiátricos. O paciente deve ter sido submetido a tratamentos com dietas, psicoterapia e ginástica por pelo menos dois anos.

Há seis técnicas de cirurgia de redução de estômago aprovadas cientificamente e usadas hoje no Brasil. 'As três cobertas pelo ministério são invasivas, mas, sem dúvida, as mais tradicionais e que têm menos riscos', avalia Nilton Kawahara, professor de cirurgia na Universidade de São Paulo.

O risco de morte fica entre 0,5% e 1%. 'Não incluímos as cirurgias feitas por laparoscopia (com pequenos cortes) pelo fato de que nem todos os centros de referência estão capacitados para a técnica', explica Lídia.