Título: Déficit zero é 'opção duvidosa', diz Ciesp
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) é contra a proposta de déficit nominal zero apresentada ao governo pelo deputado federal Delfim Netto (PP-SP), presidente do Conselho Superior de Economia (Cosec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "A proposta é totalmente inadequada para a indústria, o emprego e o desenvolvimento do País", disse Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp. Para ele, o arrocho tributário proposto continuará afetando o consumo e o investimento. A entidade apresentou ontem o estudo "A quem interessa a proposta de déficit nominal zero", no qual afirma que um dos principais objetivos da indústria é a redução da carga tributária. No entanto, "se a proposição do déficit zero vingar, essa bandeira estaria inviabilizada, uma vez que o governo precisará manter a carga no nível atual para sustentar o superávit primário requerido".

Segundo Tabacof, a deflação das últimas semanas já cria um ambiente propício para o corte de juros. "O País não precisa de uma política tão contracionista quanto o déficit nominal zero para reduzir a Selic, objetivo final da proposta de Delfim Netto. Trata-se de uma opção duvidosa e de lento e discutível resultado, pois o déficit zero não é premissa para o corte de juros."

De acordo com o estudo do Ciesp, a suposição de que o limite do gasto público levaria o Banco Central a reduzir os juros é fraca, pois o alvo da política monetária é a inflação e não a demanda agregada do governo. Outro ponto é que o controle do custeio somente dará folga ao investimento, como prevê a proposta de Delfim, se de fato a taxa de juros ceder. Outra crítica do Ciesp refere-se ao aumento de 20% para 40% da desvinculação orçamentária. "Isso amplia os riscos para a prestação de serviços essenciais. Isso é muito temeroso", disse Tabacof.