Título: Edemar e 18 ex-diretores do Banco Santos serão processados
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

O juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou ontem a abertura de processo criminal contra o ex-dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, e mais 18 ex-diretores do banco, sob intervenção do Banco Central desde novembro. Edemar e os 18 diretores do banco acusados - inclusive seu filho, Rodrigo Rodrigues de Cid Ferreira - vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro por organização criminosa e gestão fraudulenta de instituição financeira. Edemar e o ex-superintendente do banco, Mário Arcângelo Martinelli, responderão ainda pelo crime de manutenção ilegal de contas no exterior.

Segundo Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, advogado que representa credores do Banco Santos, Edemar e os outros acusados devem pegar 8 anos de prisão, por serem primários, mas a pena máxima é de 30 anos. Todos os acusados serão interrogados entre 22 e 26 de agosto. O Ministério Público Federal e a Justiça informaram que não há necessidade de prisão dos acusados, que responderão ao processo em liberdade.

Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Edemar, afirmou que não vai antecipar sua linha de defesa, dizendo apenas que o banqueiro vai comparecer ao depoimento em 22 de agosto. "Vamos ter acesso aos autos e daí trabalhar na defesa", disse Malheiros.

A Justiça determinou o arquivamento das investigações contra outros três ex-diretores do banco indiciados pela Polícia Federal: Daniel Saraiva Santos, Abner Parada Júnior e Ricardo Ancede Gribel.

DENÚNCIA

As obras de arte e objetos de decoração localizados na casa, no depósito de obras de arte e no Banco Santos continuam apreendidas. A Justiça manteve também o seqüestro dos bens móveis e imóveis do ex-banqueiro, conforme determinação de março deste ano.

Segundo o Ministério Público, Edemar e os ex-diretores do Banco Santos dissimularam a origem do dinheiro dos vários crimes cometidos contra o Sistema Financeiro Nacional por meio da compra de imóveis e obras de arte. A denúncia aponta que o Banco Santos realizava operações fraudulentas com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empréstimos com finalidade diversa da original, caixa dois e evasão de divisas para lavar o dinheiro.

A denúncia, de autoria do procurador da República Silvio Luís Martins de Oliveira, aponta também para o uso de "falsos dados contábeis e resultados positivos artificiais". "Alguns credores entendem que não vão recuperar seu dinheiro, e querem ao menos a condenação criminal do banqueiro e dos diretores", diz o advogado Pierre Moreau. Juntamente com Jairo Saddi e Pitombo, Moreau forma um consórcio que representa credores com US$ 250 milhões a receber.

Há duas semanas, o banqueiro Edemar, seu filho Rodrigo Ferreira e seu sobrinho Ricardo Ferreira de Souza e Silva foram indiciados pela Polícia Federal, acusados de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta de instituição financeira, fraude contra investidores e informação falsa à fiscalização. O Banco Santos foi liquidado em maio e deixou um rombo de R$ 2,236 bilhões.