Título: Taurus vincula aprovação do estatuto ao mensalão
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Metrópole, p. C3

O diretor-presidente da Forjas Taurus - maior fabricante de armas do País -, Carlos Murgel, acredita que os debates que vão anteceder o referendo das armas serão uma oportunidade para esclarecer a população. Mas citou denúncias recentes de que a aprovação do Estatuto do Desarmamento ocorreu sob a influência do mensalão. "Tal suspeita por si só macula a lei, cujo texto previa o referendo" , disse Murgel. Na opinião do empresário, a lei anterior ao estatuto era boa. "Não havia necessidade de mudança. Países que adotaram restrições ao comércio não tiveram sucesso", disse. "A criminalidade não tem vínculo com a disponibilidade legal de armas e está relacionada a questões sociais e à impunidade."

A Taurus não informou se vai financiar a campanha para que a venda de armas continue. Em 2002, a empresa doou R$ 50 mil para a campanha do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), crítico do estatuto.

Os fabricantes de armas não divulgam dados setoriais, mas a Taurus, empresa de capital aberto, representa sozinha a maior fatia do segmento, com 85% do mercado nacional de armas leves. Das informações disponíveis, sabe-se que já fabricou mais de 10 milhões de armas desde a fundação, em 1939, em Porto Alegre. No ano passado, faturou R$ 250,4 milhões.

No comércio, a venda de armas, que havia caído 80% em 2004, voltou em junho e julho aos patamares de 2003. Os interessados estariam comprando agora, mesmo com todas as exigências da legislação, para se antecipar a uma provável proibição. Os comerciantes, prevê Dempsey Magaldi , diretor da Magaldi Escola de Tiro, devem fazer campanha contra a proibição.