Título: Severino cancela contrato com SMPB
Autor: Luciana Nunes Leal e João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Nacional, p. A10

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), decidiu não usar mais os serviços da agência de publicidade SMPB, de Marcos Valério Fernandes de Souza. A SMPB foi contratada na gestão do antecessor de Severino, o petista João Paulo Cunha (SP), em dezembro de 2003, com previsão máxima de gastos de R$ 9 milhões e validade até 31 de dezembro de 2004. Em novembro e dezembro de 2004, foram feitos dois aditivos ao contrato, permitindo gastos de mais R$ 4,7 milhões. Embora esteja em preparação um edital de licitação para contratar outra agência, a assessoria de Severino informou que ele pensa em não fechar nenhum contrato, passando a usar somente os departamentos de Comunicação da própria Câmara. Todos os contratos de instituições públicas federais com empresas de Valério estão sendo investigados pela CPI dos Correios, pois há suspeita de superfaturamento e de uso de parte das verbas para caixa 2 (dinheiro não declarado) do PT e de campanhas de aliados.

Em 30 de março deste ano, já com Severino na presidência, um novo aditivo foi feito, assinado pelo primeiro-secretário, Inocêncio Oliveira. O contrato foi prorrogado até dezembro deste ano, com gastos previstos de até R$ 8,235 milhões. Severino, no entanto, pagou à agência R$ 52,925 mil referentes a anúncios em jornais de Brasília e decidiu não fazer novos gastos. A Câmara já pagou à SMPB R$ 10,7 milhões por serviços de comunicação, como organização de campanhas institucionais, exposições, anúncios e pesquisas de opinião pública.

Marcos Valério já tinha trabalhado na campanha pela eleição de João Paulo Cunha à presidência da Câmara. Para o contrato com a Câmara, a SMPB foi escolhida entre oito agências de publicidade que participaram da concorrência em 2003. Embora o preço mais baixo fosse o da Artplan, a SMPB venceu no critério técnico e aceitou reduzir os valores da prestação de serviço. Em setembro de 2004, três meses antes do fim do contrato, o então diretor de Comunicação da Câmara, Márcio Marques, recomendou a renovação do contrato por considerar que a SMPB teve "desempenho satisfatório". Apontou, porém, algumas falhas da agência.

Marques mostrou que, de 27 trabalhos solicitados à SMPB, 8 foram "bons", 8 "regulares", 7 "problemáticos" e 4 foram reprovados pela Secretaria de Comunicação Social. Apontou "atuação tímida na busca de soluções que resultem em diminuição de custos", "demora em algumas situações no respasse de valores a empresas subcontratadas" e "entrega de relatório de utilização de verba apenas por demanda e não rotineiramente". "Mesmo assim, achei que valia a pena continuar com a agência. Nossa relação com a Deninson, agência contratada na gestão de Aécio Neves, era mais complicada."