Título: Oposição prevê mais demissões nas estatais
Autor: Ana Paula Scinocca e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Nacional, p. A11

A substituição de dois vice-presidentes do Banco do Brasil - Luis Eduardo Franco de Abreu, de Finanças, e Edson Monteiro, de Varejo - foi interpretada pela oposição como uma resposta do governo ao acúmulo de denúncias contra estatais. O deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) resumiu essa impressão: "À medida que as investigações sobre irregularidades no governo avançam, as coisas vão acontecendo." Ele previu que o processo levará à demissão nos próximos dias de dirigentes de outras empresas oficiais. No caso do BB, pesava o constrangimento produzido pelo empréstimo de R$ 21,6 milhões concedido ao PT, sem avalista, para a compra de equipamentos de informática. Apesar de não ter relação direta com o financiamento - aliás, considerada uma transação legal, apesar de questionada pelo aspecto ético -, a presença de Franco de Abreu na Vice-Presidência de Finanças sempre foi vista como ingerência política. Ele tinha vínculos fortes com o PT.

Desde 2004, o PSDB está de olho no empréstimo do BB ao PT. Em fevereiro do ano passado, o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), encaminhou à Mesa Diretora da Casa pedido para que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, explicasse as razões para liberação de um empréstimo ao partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O requerimento ainda está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O BB procurou ontem desvincular a troca dos vice-presidentes do empréstimo. Segundo a assessoria, a substituição já estava sendo discutida há dois meses, por decisão pessoal dos dois. Em notas distribuídas ontem, o BB argumenta que a operação com o PT "seguiu todos os trâmites e parâmetros técnicos" e foi decidida de forma colegiada. Por isso, para o BB, "é descabida a informação de que as substituições foram motivadas pela operação de leasing ou questões políticas".