Título: Secom coordena contratos de R$ 1,3 bi
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Nacional, p. A12

A Secretaria de Comunicação é um dos órgãos estratégicos do governo e tem o poder de coordenar contratos de publicidade da administração direta e indireta num valor de R$ 1,3 bilhão por ano. Por lei e pelo discurso oficial, a Secom apenas avalia o conteúdo das campanhas das agências contratadas por ministérios e estatais, sem influir em suas decisões. Desde o início do governo, porém, opositores e alguns aliados vêem ingerência do ministro Luiz Gushiken em toda a publicidade oficial.

Ao assumir a Secom, ele avisou aos ministros que não aceitaria "pratos prontos". Todas as ações de publicidade e divulgação deveriam passar pelo crivo da secretaria. Nos últimos 2 anos, a Secom participou de pelo menos 18 licitações importantes da administração federal.

No ano passado, foi o órgão com status de ministério que mais gastou em mídia: chegou a R$ 97 milhões, superando o orçamento para a área da Saúde, que faz campanhas de vacinação. A Secom alega que gastou principalmente em campanhas institucionais e de interesse público, nada para melhorar a imagem de autoridades.

Com o aumento das transações de estatais como Banco do Brasil e Petrobrás nos últimos anos, os valores destinados à publicidade tiveram salto considerável no governo Lula. De 2003 para 2004, subiu de R$ 617 milhões para R$ 867 milhões. No ano passado, os recursos foram para TV (R$ 510 milhões), jornais (R$ 107 milhões), rádio (R$ 89 milhões), revistas (R$ 85 milhões), outdoors (R$ 16 milhões) e internet (R$ 11 milhões).

Sob controle de Gushiken estão também, na prática, a Radiobrás, a TVE e a Secretaria de Imprensa do Planalto. Depois de queda-de-braço de quase 2 anos com o então secretário de Imprensa Ricardo Kotscho, Gushiken conseguiu substituí-lo pelo porta-voz André Singer. Com estrutura maior, a Radiobrás também é chefiada por pessoa de sua confiança, o jornalista Eugênio Bucci.